Será o sal?

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) suspendeu, na segunda-feira (27), por tempo indeterminado, as atividades do ‘Flutuante dos Botos’, inserido no território do Parque Nacional de Anavilhanas, em Novo Airão (distante 115 quilômetros a noroeste de Manaus). A medida foi tomada após um dos botos, atrativos do flutuante, morder um dos pés de uma assistente da revista High, com sede em São Paulo, no último dia 18 de março.

De acordo com a chefe do Parque Nacional de Anavilhanas, Priscila Santos, as atividades no flutuante foram suspensas até que os proprietários do empreendimento resolvam irregularidades encontradas pelo instituto no local. Segundo Priscila, o flutuante não cumpre algumas determinações voltadas a garantir a segurança dos visitantes e o bem-estar dos animais. Priscila citou que o flutuante não dispunha de kit de primeiros socorros, mínimo de duas pessoas, para atender os visitantes e tinha manutenção incorreta de dejetos no banheiro. “A suspensão ocorre até que os problemas sejam resolvidos”, disse a chefe do Parque Nacional de Anavilhanas.

Outra orientação do ICMBio é que nenhum visitante poderia ficar perto dos animais quando um boto fêmea, conhecida como ‘Dani’, estivesse no local, devido ao animal apresentar comportamento agressivo. Priscila acrescentou que o ICMBio também orienta que visitantes não fiquem perto dos botos no momento de alimentação, que é quando os animais estão mais competitivos, buscando pelo alimento.

A proprietária do ‘Flutuante dos Botos’, Marilda Medeiros, afirmou que o flutuante tem kit de primeiros socorros, mas a funcionária não encontrou no dia 18 de março. Sobre a presença da boto ‘Dani’, Marilda disse que os botos são animais silvestres e que todos da família da proprietária já foram mordidos.

O Portal ouviu, sobre o episódio, um biólogo que preferiu não se identificar e ele afirmou que o ICMBio deveria verificar a presença de sal na alimentação dos botos, uma vez que é possível a utilização dessa substância para conseguir domesticar o animal que não deveria sofrer processo de domesticação, e sim viver livre nas águas da bacia amazônica. O sal não poderia ser permitido, já que o boto não tem o sal natural na sua alimentação e o uso desse elemento pode, ao longo do tempo, modificar o seu DNA e causar até mutação na espécie.