Polêmica sobre Patixa Teló movimenta as redes sociais

Redes sociais produzem fenômenos surpreendentes. Essa semana, no centro do debate está a pessoa conhecida como Patixa Teló. Patixa é um ser humano que transborda alegria e carisma e costuma gravar vídeos,  alguns bastantes engraçados, outros recheados de críticas.
Recentemente, Patixa protagonizou uma carreata na cidade, onde falava sobre política. Em outro acontecimento, usou o microfone de um grupo de músicos e falou o que faria caso fosse governador.
Alguns defendem que Patixa pode estar sendo vítima de práticas desumanas por conta dos vídeos. Outros defendem que a liberdade e a felicidade de Patixa devem prevalecer.

Abaixo, um dos vídeos de Patixa disponíveis nas redes sociais:

Merece destaque a lição de Divaldo Martins da Costa, juiz de Direito aposentado:

“Moralistas estão escrevendo horrores contra este vídeo do folcloresco Patixa Teló, figura singular das ruas de Manaus, lançando sua candidatura ao Governo do Amazonas. Dizem que é ofensiva à dignidade humana, essa constrangedora brincadeira de mau gosto com esse “pobre coitado”.

Tudo, de moto próprio!

Ninguém diz ter ouvido uma queixa dele, sequer.

Ninguém quis saber se ele se sente bem com essas brincadeiras, que ele mesmo toma a iniciativa, ou aceita, e, com as quais, parece sentir-se bem, alegre e feliz.

Alguém dispõe de comprovação de que ele é um ser absolutamente incapaz?

Néscio, tolo, vaidoso, não vale!

Conheço gente assim que já ocupou, e ocupa, ainda, elevados cargos na nossa República.

Alguém perguntou a ele como ele vai se sentir, se o seu vídeo for tirado da mídia?

E, se isso for o seu “ganha pão”?

Vai ficar, ele, “desempregado”, sem nenhuma oportunidade de defesa?

Com todo respeito aos signatários de tão pungentes defesas, tudo isto faz-me lembrar do “caso do arremesso de anão”, contado pelo Ministro Luiz Barroso, do STF, em um discurso de Paraninfo de uma turma de Direito. Ei-lo:

Como se lembrarão, em uma localidade próxima a Paris, uma casa noturna realizava um evento, um torneio no qual os participantes procuravam atirar um anão, um deficiente físico de baixa altura, à maior distância possível. O vencedor levava o grande prêmio da noite. Compreensivelmente horrorizado com a prática, o Prefeito Municipal interditou a atividade.

Após recursos, idas e vindas, o Conselho de Estado francês confirmou a proibição. Na ocasião, dizia-lhes eu, o Conselho afirmou que se aquele pobre homem abria mão de sua dignidade humana, deixando-se arremessar como se fora um objeto e não um sujeito de direitos, cabia ao Estado intervir para restabelecer a sua dignidade perdida. Em meio ao assentimento geral, eu observava que a história não havia terminado ainda.

E em seguida, contava que o anão recorrera em todas as instâncias possíveis, chegando até mesmo à Comissão de Direitos Humanos da ONU, procurando reverter a proibição. Sustentava ele que não se sentia – o trocadilho é inevitável – diminuído com aquela prática. Pelo contrário.

Pela primeira vez em toda a sua vida ele se sentia realizado. Tinha um emprego, amigos, ganhava salário e gorjetas, e nunca fora tão feliz. A decisão do Conselho o obrigava a voltar para o mundo onde vivia esquecido e invisível.

Após eu narrar a segunda parte da história, todos nos sentíamos divididos em relação a qual seria a solução correta. E ali, naquele primeiro encontro, nós estabelecemos que para quem escolhia viver no mundo do Direito esta era a regra nº 1: nunca forme uma opinião sem antes ouvir os dois lados. Todo muito pensa que é fácil julgar, mas não é…”