Comprometida com a intensificação do debate sobre assédio no espaço das Instituições de Ensino Superior (IES), a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA-SS) lança, nesta quarta-feira (31), a campanha “Não é não! – ADUA contra toda forma de assédio” destinada ao combate desta violência na universidade.
Segundo a 2ª vice-presidente da seção sindical, Milena Barroso, a proposta não é uma atividade isolada, uma vez que o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), por meio do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Questões Étnico-Raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) vem pautando esta questão, tendo inclusive lançado uma campanha sobre o tema, com divulgação de cartazes, adesivos, vídeo informativo e cartilha atualizada.
“Entendemos o assédio como uma violência, expressão das relações de exploração-opressão da sociedade patriarcal-racista-capitalista. Os sindicatos têm um papel importante na sua desnaturalização. Apesar da resistência histórica em tratar a questão, oriunda do próprio heterossexismo e do racismo presente na sociedade, nossos sindicatos veem nos últimos anos buscando enfrentar o debate, tirando o ‘véu’ que envolve o tema e problematizando os seus fundamentos”, afirma a diretora.
A ADUA-SS discute e milita, há alguns anos, sobre a necessidade do enfrentamento ao assédio por parte de toda a comunidade acadêmica. Em setembro de 2016, o jornal da seção sindical relatou casos de assédio sexual na universidade e ouviu vítimas e pesquisadores. A reportagem noticiava a criação de um Grupo de Trabalho (GT) pelo Conselho Universitário (Consuni) para definir políticas de combate ao assédio sexual na Ufam, constituindo uma rede de apoio a mulheres assediadas. Em julho deste ano, relatos de estudantes do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) denunciando que um professor vinha reiteradamente praticando assédio, reacendeu o debate sobr e a urgência do fim do silêncio e da impunidade.
Campanha
Destinada aos três segmentos que compõem a Ufam – docentes, técnico-administrativos e discentes – a campanha busca por meio de cartazes e camisas com abordagem direta e crítica desnaturalizar a prática do assédio que se expressa tantas vezes em LGBTfobia, misoginia, sexismo, machismo e racismo no ambiente acadêmico. Além disso, a atividade almeja incentivar a formalização de denúncias por meio do Ligue 180, disque-denúncia criado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e que possibilita o envio de denúncias para a Segurança Pública e o Ministé rio Público de cada Estado.
Na primeira fase da campanha serão distribuídos, às unidades acadêmicas kits com cartazes contendo frases como: “Formação acadêmica não é passe livre para assédio”, “Não é não! Assédio não é paquera”, “Não seja cúmplice. Apoie a vítima”, “Feio é o seu preconceito. Assédio contra transexuais e travestis é crime!”.
A 2ª vice-presidente da seção sindical afirma que a intenção ao evidenciar o problema por meio de cartazes é dar voz às vítimas e ao mesmo tempo, levando em conta o aspecto educativo da campanha, mostrar à comunidade acadêmica o impacto nocivo do assédio.
“São danosas as consequências do assédio, desde o isolamento, depressão, ansiedade, pânico, sofrimentos dos mais diversos, até o suicídio. No espaço universitário, são comuns o desestímulo e o abandono de curso por estudantes, e o afastamento das trabalhadoras e dos trabalhadores de suas atividades funcionais”, explicou.
Destacando que durante o 37º Congresso do ANDES-SN, em janeiro deste ano, um importante passo foi dado no combate ao assédio nas instâncias deliberativas do Sindicato Nacional, com a inclusão de um novo capítulo no estatuto da entidade que prevê a instituição de uma comissão de enfrentamento ao assédio na plenária de instalação nos próximos Congressos e Conselhos do ANDES-SN (Conads).