Sem condições de trabalho para os peritos, casos de polícia são solucionados sem provas forenses

Ao longo dos anos a ausência de estrutura para realizar o trabalho pericial vem desestimulando os peritos oficiais do Departamento de Polícia Técnico-Científico (DPTC). Salários defasados, falta de equipamentos são alguns dos diversos problemas que envolvem esse setor do sistema de segurança pública do Estado.

Entre os principais problemas que os peritos enfrentam atualmente está a ausência de testes com provas materiais, ou seja, sem esses testes, os casos acabam sendo baseados em depoimentos, sem provas forenses para corroborar a condenação dos réus.

Além da não geração dessas provas forenses, a falta de equipamento e de estrutura afeta também na elucidação dos casos. Uma vez que sem um banco de dados genético para cruzar materiais, identificar e descartar suspeitos, não há motivo para realizar coletas biológicas. De acordo com o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais do Amazonas (Sinpoeam), o médico Cleverson Redivo, esse tipo de deficiência desacelera a elucidação dos crimes.

“Mesmo com evidências de crime, com banco de dados que aponta o suspeito, o trabalho realizado com os recursos disponíveis não é suficiente se não houver uma identificação com um recurso tecnológico de alto nível. O Estado não tem uma identificação criminal de confiança”, alerta Cleverson.

Outro ponto crítico é a situação dos laboratórios, mesmo tendo equipamentos, a falta de reagentes ameaça diretamente a precisão das análises. “A falta de insumos e alguns equipamentos, como máquinas fotográficas e computador, dificulta os trabalhos mais robustos. Em média, 50% dos peritos sofre da síndrome de Burnout, ou seja, da desmotivação de trabalhar” conclui o presidente do sindicato.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) por sua vez informa que a demanda apresentada pelos peritos já está em fase de ser solucionada. A aquisição recente das novas viaturas, que vieram sem rádio e a mudança da tecnologia de transmissão do sistema de comunicação da secretaria, de analógica para digital, gerou um atraso na instalação dos equipamentos nas viaturas. Contudo, o órgão ressalta que está em fase final de aquisição dos kits de instalação e garante que até o problema será solucionado o mais breve possível.