Brasil terá ajuda da equipe que combateu Ebola, contra o Zika

Os primeiros quatro integrantes de uma equipe de cinco pesquisadores do Instituto Pasteur de Dakar, no Senegal, que participaram ativamente do combate à epidemia de ebola na África, desembarcaram ontem em São Paulo para ajudar cientistas brasileiros a lidar com o zika vírus. O chefe da equipe, Amadou Alpha Sall, um renomado especialista em pesquisa e controle de epidemias virais, deve chegar amanhã.

Eles vão se juntar à rede de pesquisadores paulistas que foi formada em caráter emergencial para responder à epidemia de zika, que vem se alastrando pelo país e é apontada como responsável pelo aumento explosivo no número de casos de microcefalia em bebês. A rede é coordenada pelo pesquisador Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo, que já colabora com o instituto de Dakar há vários anos e recentemente publicou um artigo científico com Sall, mostrando adaptações genéticas do vírus zika para infectar humanos.

A previsão é que a equipe do Senegal passe pelo menos uma semana no ICB, trocando informações e treinando pesquisadores brasileiros em técnicas de isolamento e cultivo do vírus. “Os dias que o vírus zika era invisível estão contados”, disse Zanotto.

A grande dificuldade em responder à epidemia de zika é que muito pouco se sabe sobre o vírus, que praticamente não existia no país até o ano passado. Para montar uma estratégia eficiente de combate, os cientistas precisam entender melhor como ele funciona, seu ciclo na natureza, como ele interage com o mosquito Aedes aegypti e como ele se comporta dentro do organismo humano. A maioria das pessoas infectadas não apresenta sintomas, e não se sabe ainda como o vírus interfere no desenvolvimento do sistema nervoso dos fetos, levando à microcefalia. Sem esse conhecimento básico, não há como planejar qualquer tipo de intervenção — além da precaução básica de se evitar contato com o mosquito.