Briga, tiros e medo: 50% dos brasileiros dizem estudar em áreas violentas

Após uma semana do início das aulas, o vigilante desempregado Sérgio Rodrigues do Nascimento, 43, já havia pedido a mudança do filho de 10 anos da Escola Estadual Maria Augusta de Moraes Neves, na zona sul de São Paulo, para outra unidade. “No terceiro dia, dois alunos foram expulsos da sala, já vi um monte de gente pulando o muro da escola, e ontem meu filho disse que levou um chute de outro garoto na hora do intervalo”, conta o pai.

“A gente fica de coração partido de deixá-lo aqui”, afirma Nascimento, que nos últimos dias percorreu outras escolas da região em busca de vagas em turmas de sextos anos do ensino fundamental. “Não quero que meu filho vire bandido.”

Na mesma região, outro pai tentava tirar o filho da Escola Estadual João Ernesto Faggin pelo mesmo motivo. “Eu estudei aqui quando tinha 10 anos e a escola já não era boa. Hoje tenho 41 anos e nenhum dos meus colegas de classe estão vivos”, afirma o morador do bairro, que preferiu não dar o nome porque tem medo de represálias dos traficantes da região.