China fala com Ucrânia, muda tom da diplomacia e promete esforços para fim da guerra

(foto: reprodução/internet)

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, conversou por telefone com o chanceler da Ucrânia —a convite do ucraniano— nesta terça-feira (1º), no primeiro diálogo formal entre os dois países desde que a Rússia deu início à guerra na última semana.

O diálogo, de acordo com os relatos oficiais de ambas as diplomacias, sinaliza uma mudança de tom na abordagem chinesa ao conflito. Pequim é aliada de Moscou e, até agora, absteve-se de condenar a invasão nas reuniões do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Na conversa de hoje, não houve qualquer crítica por parte de Wang à ofensiva militar da Rússia ou ao presidente Vladimir Putin. Mas o chinês expressou algum nível de solidariedade a seu homólogo em Kiev ao se dizer “extremamente preocupado com os danos aos civis” da Ucrânia.

Em comunicado, o governo ucraniano afirmou que o chanceler Dmitro Kuleba, por sua vez, pediu aos chineses que usem os laços com o governo russo para tentar acabar com a guerra. Kuleba teria recebido em resposta a promessa de que a China fará “todos os esforços” para resolver o conflito por meio da diplomacia.

Wang voltou a pedir por uma solução baseada no diálogo, dizendo que apoia os esforços internacionais para que possam alcançar uma resolução política, disse o Ministério das Relações Exteriores chinês em comunicado.

Isso ecoa a posição que, segundo Pequim, foi expressa pelo dirigente Xi Jinping em conversa com Putin na semana passada. O líder chinês teria dito que “apoia a Rússia e a Ucrânia para que elas resolvam os problemas por meio de negociações”.

De acordo com o comunicado da diplomacia chinesa, Kuleba repassou a Wang “os resultados da primeira rodada de negociações entre a Ucrânia e a Rússia”. Pode-se inferir, porém, que o ucraniano não teve muito a dizer nesse sentido. Representantes de Putin e de Volodimir Zelenski se reuniram na Belarus nesta segunda-feira (28), mas a mesa, que reuniu figuras importantes de ambos os países, terminou sem avanços. O único consenso foi sobre a necessidade de um segundo encontro, com data ainda a definir.

Em um afago a Pequim, Kuleba teria dito que “a China desempenhou um papel construtivo” a favor do objetivo de acabar com a guerra, descrito pelo chanceler como a principal prioridade da Ucrânia.

De Wang, Kuleba recebeu solidariedade. “A China está profundamente triste ao ver o conflito entre a Ucrânia e a Rússia e muito preocupada com os danos causados ​​aos civis”, disse o chinês, acrescentando que a posição de Pequim em relação ao conflito é “aberta, transparente e consistente”.