Contra crise, empresas do Brasil investem em qualquer lugar, menos no país

Empresas brasileiras descobriram onde investir em meio à crise política e à instabilidade econômica: em qualquer lugar, menos no Brasil. A fabricante de motores WEG disse que 75% de seus investimentos neste ano serão destinados a operações fora do país. Três anos atrás, 80% dos investimentos eram aqui

Nos últimos dois meses, a WEG, com sede em Jaraguá do Sul (SC), abriu sua terceira fábrica na China, aumentou a capacidade no México e anunciou a aquisição de uma fabricante de motores elétricos em Indiana, nos EUA.

As crises política e econômica do Brasil são as principais razões da relutância das empresas em investir domesticamente. Em uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas com 670 empresas, 81% dos participantes disseram que o ambiente político era a principal influência negativa sobre as decisões, seguido pelo ambiente macroeconômico, com 71%.

A demanda externa foi percebida como a maior influência positiva, com 32%.A receita da Natura fora do Brasil cresceu 42% no primeiro trimestre, enquanto as vendas internas caíram quase 10%

Enquanto a receita da empresa de produtos de beleza Natura Cosméticos fora do Brasil aumentou 42% no primeiro trimestre, as vendas domésticas caíram quase 10%. O CEO Roberto Oliveira de Lima atribuiu a culpa à piora do cenário político e à carga tributária.

A Natura, com sede em São Paulo, está se concentrando por enquanto na expansão internacional, disse Lima no mês passado em uma teleconferência com investidores. A empresa está conquistando participação no mercado de outros países latino-americanos e iniciando uma operação online na França, através da qual também poderá vender para clientes em outros países da Europa.

“No Brasil, esse ano vai ser para a gente focar nos processos estruturais, para que, quando o país recuperar seu crescimento, estejamos bem posicionados para competir”, disse ele.