Em Manaus, jovem supera tumor cerebral e conquista carreira profissional

Após superar limitações, Gedisson Souza conquistou vaga no mercado e segue em busca de valorização profissional

Com 14 anos, o amazonense Gedisson Souza descobriu um tumor no cérebro (neoplasia cerebral) que, mesmo após a retirada, lhe causou sequelas na coordenação motora de todo o lado direito do corpo, dificuldades na audição, voz e visão. Apesar do diagnóstico, o jovem, hoje com 30 anos, nunca deixou de lado a vontade de estudar, trabalhar e crescer profissionalmente. Ele é um dos 5,1 milhões de PCDs que até 2022 estavam na força de trabalho do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número equivale a cerca de 10% da força de trabalho do país.

Celebrado em 3 de dezembro, o Dia Internacional de Luta da Pessoa com Deficiência busca chamar a atenção para as barreiras e desafios enfrentados por esse grupo de pessoas. E um dos principais obstáculos do PcD, hoje, ainda é a busca por trabalho formal. Outro é a dificuldade em avançar na profissão, especialmente quando se trata de progressão de carreira. Uma pesquisa divulgada, neste ano, pela plataforma de empregos Catho revelou que mais da metade (62%) dos PCD ouvidos, e que estavam no mercado de trabalho, não tinham recebido promoção até a data do levantamento.

“A grande questão é essa. Entender que as pessoas com deficiência são dotadas de capacidade, que podem se dedicar e serem muito boas em determinadas funções. Muitas vezes, o que elas precisam é apenas de uma oportunidade para mostrar suas habilidades, o que podem fazer para contribuir com a empresa”, afirma Gedisson Souza.

Em outubro, ele completou três anos no Grupo Tapajós, líder do setor farmacêutico do Norte, com sede em Manaus. Com pouco mais de um ano de empresa, ele foi promovido de auxiliar administrativo para analista de RH Jr. “Hoje, sou responsável pelas comissões do varejo geral do grupo, por adicional de insalubridade, gratificação, premiação e empréstimo consignado. Me orgulha muito ver a promoção de pessoas com deficiência acontecendo, porque é também uma forma de valorização profissional”, comenta o trabalhador.

A pesquisa da Catho também revelou que 59% dos entrevistados acham que a falta de oportunidades de emprego é a maior barreira para a inclusão de PCDs no mercado. Apenas 1% dos que responderam à pesquisa ocupavam cargos de diretoria ou semelhantes. Outro desafio é o preconceito no ambiente de trabalho. Segundo o estudo, 49% dos entrevistados já sofreram discriminação, sendo 65% dos colegas da equipe e 54% dos gestores.

Coordenadora do Departamento Pessoal do Grupo Tapajós, Luciana Brito diz que todos devem contribuir para um ambiente inclusivo. “O papel de todos nós é contribuir para que as pessoas com deficiência possam desenvolver suas habilidades, evitar qualquer barreira social e garantir um ambiente saudável para que todos possam trabalhar com respeito”, afirma.

Segundo ela, a contratação de profissionais PCDs contribui até mesmo para a sensação de bem-estar dos funcionários sem deficiência física ou intelectual, pois observam a maneira como a empresa valoriza a inclusão. “É algo que mostra a responsabilidade da empresa em tornar a sociedade mais justa e igualitária. Ver que há ações de inclusão e não apenas cumprimento de cota, além de oferecer oportunidades internas para esses profissionais, é gratificante”, comenta a colaboradora.

Cotas

Sancionada há 32 anos, a Lei 8.213/1991, conhecida como ‘Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência’, tem sido essencial para expandir a inclusão desta população no mercado de trabalho, exigindo que empresas a partir de 100 funcionários reservem de 2% (100 a 200 empregados) a 5% (mais de 1 mil empregados) das vagas para PCDs.

Gerente de Recursos Humanos do Grupo Tapajós, Nádia Miranda Costa afirma que a empresa não só cumpre a cota máxima da legislação, como se preocupa em oferecer aos colaboradores PCDs oportunidades de progredir na carreira. “O crescimento profissional é disponibilizado a todos que buscam oportunidade para demonstrar suas potencialidades e obter melhoria em sua qualidade de vida financeira. Baseada nisso, a empresa observa em seus colaboradores PCDs as habilidades, qualificações e capacidades que poderão ser desenvolvidas em novas funções”, afirma a gestora.

Atualmente, o Grupo Tapajós conta com funcionários que possuem deficiências que reduzem a capacidade de locomoção ou causam baixa estatura. Para todos os casos, há adaptações nas lojas e na sede matriz da companhia, para que os espaços adquiram a acessibilidade necessária para o bem-estar desses colaboradores.

“Em nossas dependências, oferecemos um ambiente amplo para melhor locomoção, vagas especiais, rampas e barras de suporte para facilitar a acessibilidade aos colaboradores PCDs e assim garantir um ambiente adequado e agradável a todos”, pontua Nádia Miranda Costa.