Ex-gerente do Ibama dava ‘cobertura’ ao maior desmatador da Amazônia, diz Procuradoria

O grupo acusado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e pelo Ministério Público Federal (MPF) por ações de desmatamento de extensões quilométricas na Amazônia agiu durante muito tempo com ampla facilidade porque, além de tecnologia de ponta, recebia informação privilegiada de um integrante do próprio Ibama, o ex-gerente da autarquia em Sinop (MT), Waldivino Gomes Silva.

As informações foram divulgadas no site da Procuradoria da República em Mato Grosso, que denunciou Waldivino e outros envolvidos no esquema de desmatamento descoberto pela Operação Rios Voadores, missão integrada da Polícia Federal, da Procuradoria e do Ibama.

Segundo a Procuradoria, o ex-gerente alertava o grupo de Antônio José Junqueira Vilela Filho, o ‘AJ Vilela’ ou ‘Jotinha’, sobre as operações de fiscalização ambiental que seriam realizadas pelo Ibama. Se os desmatadores tivessem bens apreendidos, Waldivino liberava esse patrimônio ‘por meio de fraudes’, denunciou o Ministério Público Federal.

A denúncia por desmatamento e corrupção envolve Waldivino, ‘AJ Vilela’ – apontado como ‘mandante e financiador do esquema’-, dois executores dos crimes, além da mulher do ex-gerente do Ibama, Obalúcia Alves de Sousa.

Segundo a Procuradoria, Obalúcia ‘recebia os recursos obtidos com o desmatamento e atuava para dificultar o rastreamento desse dinheiro’.

Ao todo, o Ministério Público Federal ingressou com uma série de oito ações judiciais contra o grupo.

Na região de Sinop, ainda segundo a Procuradoria, o grupo desmatou três quilômetros quadrados de floresta. Em Altamira (PA), a devastação provocada por ‘AJ Vilela’ e seus liderados chegou a 330 quilômetros quadrados de mata nativa.

Comprovantes – A participação de Waldivino Silva e da mulher foi descoberta pela força-tarefa da Operação Rios Voadores durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão em uma empresa de máquinas em Sinop.

No local foi apreendido comprovante de depósito bancário em nome de Obalúcia, que tem empresa cadastrada na Receita Federal cujo endereço de correio eletrônico está em nome do marido.

Por meio de interceptações telefônicas a equipe de investigação comprovou que o grupo de ‘AJ Vilela’ recebia informação privilegiada sobre as fiscalizações, ‘e atuava de acordo com esses alertas’.

“Certamente, esse tipo de informação só poderia vir de alguém do próprio órgão ambiental que possuísse cargo de chefia”, destaca a denúncia do Ministério Público Federal.

 

Fonte: New D24