Inadimplência de condomínios chega a 30% em Manaus e crise estimula acordos

Condomínios de Manaus estão realizando ‘acordos amigáveis’ na tentativa de amenizar o impacto da alta inadimplência no pagamento mensal, que chegou a 30% este ano. As negociações, que incluem parcelamentos, são voltadas a pessoas que pagavam as taxas em dia e passaram a atrasar por problemas financeiros. As informações são de empresas que administram os condomínios. Em 2016, foram protestados, em média, mais de 11 títulos de taxas condominiais, por dia, por atraso de pagamento.

Por serem compostos em sua maioria de pessoas de classe média, os condomínios têm sentido as dificuldades enfrentadas por essa faixa de renda, resultando em atrasos, conforme avaliação do gerente de condomínios da RPW Predial, Roberto Rodrigues. Segundo Rodrigues, a classe média, que é a parcela da população que mais consome, mudou hábitos e priorizou o pagamento dos gastos essenciais.

A inadimplência, que iniciou o crescimento em 2015, veio evoluindo até chegar ao atual patamar de 30%, de acordo com dados da RPW Predial, que administra 50 condomínios e tem uma carteira de 20 mil condôminos em Manaus. Em 2011, ano de euforia econômica, a inadimplência oscilava em 18% e já era considerada alta.

Entre janeiro e julho do ano passado, o valor dos títulos protestados chegou a R$ 1,08 milhão. Neste ano, o volume foi de R$ 1,87 milhão. Aumentou o valor médio de títulos, que avançou de R$ 390 para R$ 794, em média.

O desemprego tem forçado o morador que pagava sua taxa condominial a atrasar. “Existem vários tipos de inadimplente. Há aquele que sempre trava o pagamento, independente da economia. Mas tem o eventual, que era adimplente e por um problema que está passando não está conseguindo arcar, que é o desempregado. Esse foi o que aumentou mais”, explicou Rodrigues.

Esse perfil de devedor lidera os acordos amigáveis e extrajudiciais. Esses acertos passaram a ser feitos de forma mais intensa em 2015 e tinham um efeito positivo mais rápido. Já em 2016, há moradores que nem os acordos estão conseguindo cumprir. O passo seguinte é o protesto e ações de execução.