Ao fim da primeira projeção pública de Logan, no 67º Festival de Berlim, em sessão hors-concours fechada para a imprensa (e restrita por embargos), uma repórter russa desabafou em alto e bom som, em meio a uma fervorosa salva de aplausos: “Este é o melhor filme de super-herói já feito”, tendo sua afirmação confirmada com convictos acenos de cabeça por seus colegas de sessão. Tinha gente – e muita – chorando de emoção pelo tom de tragédia que embala a terceira aventura solo do carcaju mais amado nos gibis. Com estreia mundial no dia 1º de março, ela marca a despedida do ator australiano Hugh Jackman do papel, depois de 17 anos. O astro vem para a capital alemã nesta sexta falar sobre o que aprendeu nesta jornada e o que fez com escolhesse a série de HQs Old Man Logan como matéria-prima para o réquiem da franquia Wolverine, que termina com dois pés fincados no realismo, com um ritmo de ação febril, mas nos moldes da estética seca do cinema autoral americano dos anos 1970, sobretudo a do diretor Sam Peckinpah em Os Implacáveis (1972).
Tem também um quêzinho de Stranger Things na fuga de Logan para proteger a menina Laura (Dafne Keen) da tropa dos Carniceiros chefiados por Donald Pierce (Boyd Holbrook, de Narcos). Mas só será dado sinal verde para explicar o que se vê na tela neste filmaço (ops!) sem cena pós créditos (ops de novo!) após sua gala no Berlinale Palast. Daí é possível falar mais sobre a metalinguagem usada pelo diretor James Mangold (do cult CopLand) ao mostrar gibis na tela várias vezes. E será possível avaliar a evolução (espantosa) de Jackman na pele de um envelhecido Wolverine. Até lá, o trailer é o único aperitivo para este potencial blockbuster, com ingredientes para ser chamado de o melhor episódio da linhagem dos X-Men nos cinemas.