Mesmo após massacre no Compaj, Umanizzare já recebeu mais de R$ 24 milhões, no AM

O Governo do Amazonas pagou, pelo menos, R$  24.243.898 para a Umanizzare Gestão Prisional e Serviços Ltda., empresa que presta serviços em presídios do Estado, mesmo após os massacres que provocaram a morte de 64 presos, dentro de prisões, em Manaus, sendo 54 no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Do total recebido neste ano, R$ 5.164.179,58 foram apenas para serviços no Compaj. Os pagamentos, feitos pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), também incluem serviços no Centro de Detenção Provisória Feminino de Manaus, na Unidade Prisional de Itacoatiara e no Instituto Penal Antônio Trindade.

O lucrativo mercado da terceirização vem se consolidando nos últimos anos, no Amazonas. Para se ter uma ideia, somente a Umanizzare atingiu, no ano passado, o topo em ganhos: R$ 429 milhões.

Protagonista de um monopólio, via Umanizzare,  na gestão terceirizada de presídios no Amazonas, a família do presidente da Federação do Comércio do Ceará (Fecomércio-CE), Luiz Gastão Bittencourt, usou uma empresa com sede em Fortaleza e sem negócios com o Amazonas,  para realizar, em 2014, uma das maiores doações de campanha do atual governador, José Melo (PROS): R$ 1,2 milhão.

O repasse foi feito através da Serval Serviços e Limpeza, que tem como administrador Luiz Fernando Monteiro Bittencourt, filho de Gastão. A Auxílio, que tem entre os sócios o próprio presidente da Fecomércio-CE e já administrou cadeias do Amazonas, doou mais R$ 300 mil. Em 2015, a Umanizzare foi a empresa que mais recebeu diheiro do governo do Amazonas.

O lucrativo mercado da terceirização de presídios vem se consolidando nos últimos anos, no Amazonas. Somente  a Umanizzare atingiu, no ano passado, o topo em ganhos: R$ 429 milhões. Em 2015, haviam sido R$ 135,6 milhões. Em 2014, R$ 216 milhões. Em 2013, R$ 28,4 milhões. Além do Amazonas, o grupo ligado à família Bittencourt está presente com força no Tocantins, onde é alvo não só de investigações do Ministério Público como da Polícia Federal.

A mais violenta rebelião da história do Amazonas expôs a fragilidade e o descontrole do sistema penitenciário do Estado, que pagou R$ 1,1 bilhão entre 2010 e 2016 – nas administrações do ex-governador Omar Aziz (PSD) e do atual governador José Melo – para a Umanizzare e a Conap, contratadas para serviços nos presídios de Manaus. De acordo com o governo, o motim terminou com a fuga de quase 200 detentos. Os mortos foram  executados pelos membros  da Família do Norte (FDN), suspeita de envolvimento  na campanha eleitoral do governador José Melo.