OAB pede da Umanizzare imagens de advogada dando dinheiro a preso

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Amazonas encaminhou nesta quinta-feira, 26, ofícios para a Umanizzare (empresa responsável pela gestão de presídios), à direção do Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) e ao secretário da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária), Cleitman Coelho, solicitando as imagens do circuito interno do presídio em que a Umanizzare diz ter flagrado a advogada Camila Uiara Vieiralves entregando R$ 300 a um preso cliente dela.

O procurador-geral de Prerrogativas da OAB-AM, Alan Johnny Feitosa da Fonseca, que assina o ofício, diz que a entidade deu prazo de cinco dias para que as autoridades do Estado e a Umanizzare apresentem a prova que dizem ter de que a advogada repassou o dinheiro ao preso. “Essa conduta [das dinheiro a um preso] não é tipificada como crime, mas se a advogada errou, cabe à OAB puni-la”, diz Fonseca.

O representante da OAB disse não acreditar que existam as imagens ou que elas revelem a má conduta da advogada, porque ela não praticou o ato do qual foi acusada. De acordo com a versão da Umanizzare, um agente de segurança do Estado e um funcionário da Umanizzare foram os responsáveis pelo flagrante da ocorrência que conseguiu impedir que duas pessoas (Camilia Veiralves estava acompanhada de outra advogada) passassem dinheiro a um interno do presídio. Ainda segundo a empresa, “imagens do circuito de TV interna gravaram as cenas que comprovam o flagrante, e estarão à disposição das autoridades para o devidos esclarecimentos dos fatos”.

A assessoria de comunicação da Seap mentiu ao dizer que existem essas imagens da advogada passando dinheiro, tão simplesmente porque esse fato não ocorreu. Então, seria impossível a Seap ter essas imagens em que a advogada foi flagrada passando o dinheiro para o preso, disse Alan Fonseca.

Na quarta-feira, 25, a reportagem do ATUAL conversou com o secretário da Seap, Cleitman Coelho, e solicitou as imagens, mas ele disse que não as tinha visto e nem as tinha em mãos. Na ocasião, ele informou que ouvira falar das imagens, mas ainda estava apurando se elas existiam.

Para o advogado Alan Feitosa, ocorrido foi “uma ação orquestrada pela Umanizzare, tornando a advogada vítima desse cenário fantasioso, para tentar obter matéria positiva à empresa em razão da ameaça da ação civil pública impetrada pela OAB para liberar o acesso dos advogados aos clientes. Por determinação da Seap, depois da chacina que matou 56 presos, as visitas de parentes e de advogados foram proibidas no Compaj e em outros presídios da capital.

Antes daquele dia, essas mesmas advogadas foram impedidas de falar com seus clientes e recorreram à Justiça. O juiz da Vara de Execuções Penais, Luís Carlos Valois, autorizou a entrada delas. O Conselho da OAB se reúne no início da noite desta quinta-feira e deve aprovar uma moção de repúdio à Seap, à Umanizzare e à direção do Compaj pelo tratamento dispensado às advogadas no presídio e à falsa acusação alegada pela Procuradoria Geral de Prerrogativas da OAB.

 

 

Fonte: AM Atual / foto: reprodução da internet