Se urubu cantasse estava na gaiola?

Para falar de política, entenda os políticos. Não basta tentar derrubar um ou outro líder somente porque seu patrão ordenou. No Amazonas DESTROÇADO de hoje, onde 2017 tem apenas 26 dias e os índices mostram mais violência e brutalidade que metade de 2016, qualquer um se acha “gabaritado” para adivinhar o que ocorrerá nas eleições de 2018, apostando na homologação da chamada “delação do fim do mundo”.

Acontece que essa delação de quase mil páginas é apenas “mais do mesmo”: empresários espertalhões e milionários que secaram os cofres do Brasil nos últimos 20/30 anos tentando se passar de mocinhos e jogando a culpa exclusiva nos políticos. Muita calma nessa hora.

Que credibilidade tem um empresário que superfaturou obras apenas para aliciar governantes, parlamentares e políticos de todos os escalões e ganhar todas as obras seguintes? Mocinho é a única palavra que não se encaixa nesse tipo de gente. A tendência é que em 2017 a Lava Jato possa se voltar contra quem apostou nela. O povo brasileiro começa a mostrar um esgotamento dessa Operação que fez muito estardalhaço na mídia, prendeu figurões para que eles fizessem o papel de “cagueta de políticos” e os liberou em seguida, apesar das provas de que eles superfaturaram obras e ficaram bilionários com o dinheiro do povo.

Essa estratégia (fala mal do vizinho que eu te dou a liberdade) não deu certo em nenhum lugar do mundo. Nem na Itália das máfias do passado. É preciso saber absorver as informações e distribuir as culpas com justiça. Alguém acha que o sentimento de impunidade diminuiu após a Lava Jato?

Basta olhar as redes sociais e os comentários após matérias de grandes veículos. Não só aumentou o sentimento de impunidade como também o de decepção. O brasileiro está violento e deseja a morte de qualquer outro nacional com a mesma facilidade com que aplaude linchamentos morais. Portanto, se fulano for candidato, se ele vai ser traído, se “Maria vai ficar ou ir com as outras”, tudo isso é mera conjectura.

Duas circunstâncias é que definirão o tabuleiro eleitoral em nosso estado: O TSE em 2017 deve finalmente julgar José Melo, já cassado pelo TRE-AM e mantido no poder apenas por uma frágil liminar da desembargadora Socorro Guedes, haja vista que não se admite mais tanta demora – e o resultado do julgamento do recurso vai separar o joio e o trigo; a apuração da responsabilidade e a punição de figuras poderosas locais envolvidas em peculato e desvio de dinheiro público deve acontecer em 2017, sob penas de se perder totalmente a confiança nas instituições.

Esses dois fatos, sim, definirão os rumos do Amazonas.  Mas se nenhum deles acontecer em 2017, prepare-se para assistir sentado o Amazonas completamente destruído e entregue de vez às organizações criminosas por mais 8 anos no mínimo. O resto é pensar que se urubu cantasse, estava em gaiola… Oremos!