Souza Cruz fecha fábrica em Porto Alegre e demito 190

O comunicado de que a Souza Cruz irá encerrar a fabricação de cigarros na planta industrial instalada em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, foi recebido com tristeza pelo prefeito do município, Vicente Pires, porém não foi uma surpresa. Informado na quinta-feira da decisão da empresa, o gestor municipal revela que o desempenho da companhia já vinha recuando nos últimos quatro anos, quando o faturamento da fábrica na cidade baixou de R$ 1 bilhão para R$ 600 milhões.
Na verdade, Pires revela que a possibilidade de que as operações em Cachoeirinha fossem finalizadas chegou a ser cogitada há cerca de meio ano, quando a Souza Cruz concluiu o processo de venda do parque gráfico instalado no município para fabricante mundial de embalagens Amcor. A transação, que resultou na aquisição da PD Embalagens, empresa do grupo Souza Cruz, por parte da Amcor, pelo valor de R$ 96 milhões, foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em maio do ano passado.
“Meu setor de orçamento já vinha detectando que a Souza Cruz vinha reduzindo as vendas”, menciona Pires. Segundo dados da equipe econômica de Cachoeirinha, o valor agregado da companhia, em 2014, representava 12% do orçamento municipal. No ano seguinte, a participação caiu para 3%.
O prefeito salienta que essa redução tão acentuada é reflexo tanto da retração das operações da Souza Cruz quanto do aumento da participação de outras empresas que se instalaram na cidade. “Mas é inegável que, nos últimos quatro anos, houve uma queda importante no faturamento da empresa. A redução vem sendo muito drástica”, avalia.
Segundo a Souza Cruz comunicou ao mercado, a elevação do custo tributário e aumento do contrabando motivaram encerramento das atividades que envolvem a produção de cigarros no município. “A decisão é resultado da imposição de sucessivos aumentos de impostos para o setor, principalmente IPI e ICMS”, justifica a nota. A empresa projeta que, até o final do ano, o imposto incidente sobre cada maço de cigarro representará 80% do valor de venda.
A Souza Cruz só se pronunciou por meio de nota à imprensa e ao mercado, reforçando que manterá as atividades de pesquisa em Cachoeirinha e que, dos 240 empregados que atuam na fábrica, 190 serão demitidos, e 50 serão mantidos e realocados para outros postos.

Setor cogita que companhia pode fortalecer as operações em Cuba

A joint venture entre a Souza Cruz e a estatal cubana Brascuba, parceria que se estende desde 1995 e na qual a brasileira tem participação de 50%, começa a ganhar evidência com a decisão de encerramento das operações em Cachoeirinha. Segundo fontes próximas à empresa, os 50 funcionários que aceitaram ser realocados – muitos, em cargos de gerência – poderão assumir posições em Cuba.
Os produtos fabricados pela Souza Cruz em Cuba são cigarros de alta qualidade, como a empresa destaca em seu site. Mais uma evidência que fortalece a perspectiva de que haja um fortalecimento das operações cubanas vem da abertura do país socialista ao mercado, que pode se refletir em maior presença internacional.