Hoje é mais um daqueles dias históricos para o Brasil. Milhões de brasileiros irão as ruas das principais cidades, vestidos de verde e amarelo, para fazer um grande movimento social. Uns irão protestar contra a corrupção, outros pedirão o impeachment da presidente Dilma, outros levarão faixas pedindo que a Lava Jato chegue ao país inteiro. É certo que a democracia permite que todos possam expressar seu pensamento. Em um momento que os protagonistas do país são o Poder Judiciário e o Ministério Público, o povo pode e deve manifestar sua alegria diante da fase de limpeza que estamos vivendo.
Mas também é certo e necessário ter bom senso. Não podemos permitir que a violência ofusque nossa vontade de dizer simplesmente: FINALMENTE O BRASIL ESTÁ SE LIBERTANDO DA CORRUPÇÃO! Não é e nao pode ser intenção das pessoas de bem clamar por algum tipo de mudança imposta à força no Brasil. Esse gesto de impor uma mudança na marra sempre resultou em grandes desastres. O exemplo mais recente foi o golpe civil-militar de 1964, que prendeu, exilou, perseguiu e torturou brasileiros, sem amparo em regras legais.
É óbvio que existe uma luta política momentânea por detrás da organização do movimento. É óbvio também que somente uma grande estrutura político partidária e econômica tem o poder de mobilização em tao curto espaço de tempo.
Então todos que comparecerem de boa fé às ruas devem ter em mente nao se deixar usar por bandeiras partidárias.
Muitos dizem que o movimento é apartidário e isso não é uma verdade inteira. O nome do juiz Sergio Moro está sendo usado como um dos motivos para levar o povo às ruas. Claro que milhões de brasileiros o apoiam sem vinculaçoes políticas. Mas outros milhões apenas se APROVEITAM. E o juiz Moro não precisa disso. O maior motivo do movimento é o impeachment de Dilma. Todos sabem disso.
A verdade é que seria um caso único no presidencialismo no Planeta: um Chefe do Poder Executivo ser afastado porque o presidente anterior é suspeito de crimes gravíssimos e responde a processos criminais. Dilma, ao contrário de José Melo, não foi condenada por nenhum Tribunal por compra de votos. Seu antecessor, Lula, ele sim está envolvido até o pescoço nas mais cabeludas acusações penais.
Portanto, que possamos falar, aplaudir e pedir pelo que é certo e justo: parabéns ao Judiciário e Ministério Público por protagonizarem a limpeza do Brasil, parabéns Juiz Moro por não varrer a sujeira para baixo do tapete, parabéns aos movimentos sociais que se organizarem de forma pacífica. E vaias gloriosas a todos e todas que com certeza vao marcar o dia 13 com atos de violência, ódio, destruição e tragédia.
Se já chegamos na beira do precipício com uma gravíssima crise política, não precisamos ter mais prejuízo com guerras. Não teremos sequer de um “vencedor” nesta guerra. É preciso que todos os lados envolvidos sentem-se para dialogar tendo à mesa o futuro do país.
Fora do mundo político, é preciso que os grandes conglomerados econômicos também assumam a responsabilidade sobre o clima de beligerância criado. Atualmente, a crise só tem servido a bancos, que em meio a uma queda de 3,8% do PIB viram seus lucros crescer 15% chegando à somatória de quase R$ 50 bilhões em lucro – apenas considerando as três maiores empresas privadas do setor.
São os seus interesses de manutenção dos juros altos que levam à crise recessiva. Com a recessão instalada, os bancos defendem que é preciso aumentar juros para atender ao “mercado”, mantendo o círculo vicioso. Ou seja, querem um Brasil em que somente 1% da população ganha, passando por cima dos interesses e direitos dos demais 99%.
As grandes empresas de mídia do país também devem ter consciência do papel decisivo que desempenham neste momento. A onda de pregações delirantes, bélicas e boatos sobre intervenção das Forças Armadas podiam e deviam ser evitadas. Mas não foram e mostram a gravidade do quadro.
Não vale a pena destruir a democracia por interesses escusos. Não podemos ser utilizados como “vacas de presépio” de grandes estruturas políticas e econômicas. Na guerra de todos contra todos, sobressai o mais forte. E com certeza, no mundo em que vivemos, esse não é o interesse do cidadão comum. Para os milhões que vão as ruas hoje, o apelo é de paz! Oremos!









