Jander Vieira entrevista

(Foto: Mario Oliveira)
(Foto: Mario Oliveira)

Carisma é um dom extraordinário e divino concedido a alguém para o bem da humanidade. Pensando assim, o Blog estreia o quadro de ENTREVISTA com um entrevistado a cada semana. O critério? Tem que ter carisma, muito carisma. E hoje não poderíamos deixar de convidar para descerrar a galeria o atuante prefeito Arthur Virgílio Neto, diplomata por vocação e político por convicção. Poucas criaturas nesse mundo tem uma alquimia de poder-competência-respeito-experiência como Arthur, está em seu DNA. Então vamos ao gostoso bate-papo com o ex-deputado, ex-senador, ex-ministro-chefe do governo FHC e agora prefeito pela segunda vez de Manaus: Artur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto.

 

Vale a pena trazer as Olimpíadas?

Sem dúvida. Porque se Manaus conquistar o selo de cidade olímpica, seu caminho estará aberto para mais Turismo, mais investimentos e para novos megaeventos que, certamente, conciliarão nossa terra com sua vocação de cidade mundial. No futuro, haveremos de ser, inclusive, um grande centro financeiro internacional. Por isso tanta torcida por termos jogos olímpicos de futebol masculino e feminino na Arena Amazônia, considerada por especialistas a segunda mais bonita do mundo.

 

O que o governo Federal poderia fazer por Manaus e não faz?

Até começa a esboçar alguma colaboração: PAC das Cidades Históricas, empréstimo do BNDES para aperfeiçoarmos o sistema arrecadatório e funcional da Secretaria de Finanças, as primeiras unidades de habitação popular, em Santa Etelvina. Poderia ter feito mais e bem antes. O projeto do BRT, que está sendo revisado e corrigido pelo governador José Melo e por mim, será um grande teste da boa vontade federal para conosco. Os empréstimos internacionais, alguns já em fase final de avaliação, também serão teste das intenções reais do governo para com a nossa cidade.

 

Se fosse hoje sua reeleição, quem seria seu vice?

Minha consciência me proíbe de falar e pensar em eleição agora. Meu tempo é todo para governar minha cidade. Enfrentamos uma crise terrível no Brasil, com nuances econômicas gravíssimas, políticas e morais. Manaus tem de preservar seu plano de investimentos e, por isso, a reforma administrativa e o programa de cortes de gastos de custeio que estamos empreendendo. Logo, passo longe das especulações políticas. Meu senso de responsabilidade manda assim.

 

Tem político que se elege para o cargo majoritário e nunca foi ao exterior ou buscou parceria internacional. O senhor tem facilidade para buscar esse tipo de entendimento que ajudou a cidade na época da Copa. O senhor acha que ter estudado no Instituto Rio Branco e ser um diplomata lhe ajuda nessas horas?

Sempre dá a vantagem inicial da experiência de saber lidar com o mundo exterior. O que não significa que um governante com formação diferente da minha não seja capaz de cumprir também um bom papel.

 

Se ainda fosse julgada HOJE a ação onde o senhor acusou a senadora Vanessa de obtenção irregular de sufrágio e o TSE lhe desse razão, o senhor deixaria a PMM e assumiria a vaga do Senado?

Nunca abandonei nenhum mandato popular no meio do caminho. Isso é uma das bases da credibilidade de que, modéstia à parte, desfruto perante minha cidade, meu estado e meu país. Logo, jamais interromperia o trabalho que faço em Manaus, autorizado que fui por 2/3 do eleitorado.

 

Papa, Pai-de-santo ou Buda?

Papa Francisco é um ídolo, uma figura. A resposta que deu de que alguém que lhe xingasse a mãe levaria um soco desferido por ele mesmo… Nada mais justo, verdadeiro e humano. Gosto de Buda, bebo no que posso sua sabedoria. Respeito os adeptos, de boa fé, que professam os cultos de origem afro. E, respeito toda e qualquer religião – as evangélicas são parte nobre disso – que leve aos caminhos de Deus, que são os caminhos que busco trilhar, como católico e, sobretudo, como cristão.

 

Em que época queria ter vivido e por que?

Procuro ser uma pessoa atemporal. Essa coisa de “no meu tempo”, “as músicas do meu tempo”, “quando eu era jovem”, não entram na minha cabeça. Vivo intensamente este tempo, este momento, como vivi todos os outros tempos e momentos. Idade para mim está na cabeça e a minha se recicla sem parar. Mas se tivesse que ter vivido em outra era, adoraria ter sido o cacique Ajuricaba, figura que inspira e emociona.

 

Liberdade é dinheiro?

Não necessariamente. Fico feliz quando vejo os corruptos do mensalão e do petrolão na cadeia… e estes últimos sendo obrigados por juízes do calibre de Sérgio Moro a devolver o que roubaram do povo brasileiro. Dinheiro é bom quando legítimo e suficiente para garantir uma vida digna que jamais deveria ser ostentatória.

 

Homens sustentados ou homens que sustentam?

O ideal é a parceria. Na sociedade ainda patriarcal que sobrevive no Brasil é comum o homem sustentar a mulher. Considero normal o contrário também. Importante é haver amor e companheirismo. Portanto, não me refiro à exploração de um pelo outro, à falsidade, à manipulação de sentimentos com objetivos financeiros.

 

Botox ou rugas?

Não temo as rugas, não pinto os cabelos (tenho horror a homem maduro com a cabeleira no tom “asa de barata”). Mas não recuso certas possibilidades que os tratamentos estéticos oferecem atualmente. Por exemplo, vou mexer nas pálpebras, porque elas, como estão, não casam com meu espírito. Meu corpo está ativo e elas parecem que querem dormir. Como não gosto de esconder nada, falta só escolher a data. O nome do cirurgião, amazonense como eu, é o dr. Mauro Brandão, craque de verdade.

 

Uma propaganda enganosa?

Estelionato eleitoral. Ou seja, dizer uma coisa na campanha e fazer outra bem diferente quando chega ao poder.

 

De quem grampearia o celular?

Não grampearia o celular de ninguém. Mas apoio a polícia, autorizada pela justiça, grampear corruptos, mafiosos, gente que deva satisfações à sociedade.

 

Em que situação gostaria ter sido campeão?

Já fui campeão de jiu-jitsu, já competi muito no judô, já fui campeão de votos um monte de vezes, conquistei uma medalha de ouro por ter sido aprovado no Instituto Rio Branco. Tudo isso valeu. Mas ser campeão para mim, hoje, é viver bem com minha família, apoiar minha esposa e meus filhos (são quatro bilhetes de loteria, amo os quatro acima da minha vida), ser um bom brasileiro e amazonense e enfrentar cotidianamente os problemas de Manaus.

 

O que o faria vender sua alma?

Minha alma é inegociável. Não mudo de princípios, não negocio esses princípios, não fico zanzando de um partido para outro como virou hábito na política brasileira. Sou emotivo. Choro à toa por emoção. Fiquei feliz quando soube que o imortal Muhammad Ali também era chorão. Me aliviou. Mas não choro na luta. Acho até que meus adversários tendem a chorar nessa hora. Rsrsrs

 

Diga os três maiores prazeres da vida?

A vida. Dentro dela, o sexo. E estar no rio Negro. Conversar com pessoas queridas. Ouvir música. Ver bons filmes. Acima de tudo, meus filhos e a humanidade.

 

Se tivesse poderes mágicos, o que faria pelo Amazonas?

Não acredito em tais poderes. Mas se eles existissem, acabaria com todos os problemas que afligem e humilham nossa gente. E aproveitaria todo o magnífico potencial de prosperidade e bem estar que fica dormindo por falta de investimentos, laboratórios, PHDs entrosados com nossos mateiros, caboclos e índios.

 

Sua leitura sobre o Blog?

Apreciei as perguntas. Será de alto nível, refletindo o espírito do seu autor. Vida longa e exitosa ao seu Blog, querido Jander!