A loteria da morte: cerca de 150 doentes renais já morreram à espera de atendimento no Amazonas

Aproximadamente cento e cinquenta pessoas já morreram na fila de espera por atendimento para tratar de problemas de saúde renal no Amazonas. A informação é do paciente renal Thiago Coelho, 25, que faz hemodiálise há três anos e meio em uma clínica particular conveniada com o Sistema Único de Saúde (SUS).

“Outras noventa e uma pessoas estão na fila de espera no Hospital 28 de Agosto apenas para o tratamento de hemodiálise. Elas estão aguardando encaminhamento para clínicas especializadas que atendem pacientes do SUS, na capital. No hospital, elas recebem apenas o atendimento de urgência uma vez a cada quinze dias, quando faltam vagas nas clínicas”, afirmou Thiago.

Ainda segundo Thiago Coelho, o atendimento realizado pelo hospital não supre a necessidade real para os pacientes que dependem da hemodiálise, no que diz respeito à quantidade de sessões. “O ideal é que os pacientes façam três sessões por semana, cada uma durante quatro horas”, acrescentou.

Debate no Senado

A morte de pacientes renais no Estado também foi denunciada pelos senadores Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB), durante sessão plenária do Senado, no dia 29 de junho.

Na ocasião, a senadora citou dados da Associação dos Renais Crônicos do Amazonas (Arcam), que informavam a morte de 107 pacientes pela falta de acesso a hemodiálise, transplante de rim e medicamentos. Segundo Thiago Coelho, esse número correspondia ao período de janeiro a maio deste ano. “As mortes aumentaram para 150 até junho, conforme o Ministério da Saúde”, disse.

À época do discurso, Vanessa Grazziotin também informou que existem, ao todo, 1.600 pacientes que necessitam de hemodiálise em todo o Estado, a maioria concentrada em Manaus.