Prisioneiro

A trajetória de José Melo é interessante. Foi professor, secretário de Estado, deputado, vice-governador e governador, entre tantas outras atividades. Em um determinado momento, nutrindo muita admiração, respeito e amizade por Eduardo Braga, sonhava Melo com a oportunidade de ser escolhido como vice em uma chapa para o cargo majoritário. A convenção partidária aguardava ansiosamente pelo anúncio de seu nome. Até faixas já estavam confeccionadas. A comemoração era certa. Mas na hora do anúncio, o escolhido para vice foi Omar Aziz. Melo não escondeu sua tristeza e decepção. Os bastidores comentavam que a decisão tinha sido tomada por um grupo de pessoas contra a vontade de Braga, que preferia Melo. Mas conversas de bastidores sempre são boatos e não há certezas sobre as formações políticas de então.

Mas os anos se passaram e Melo continuou no grupo de Braga, tendo sua esposa como secretaria do então governador por vários anos, até que, por ocasião da sucessão de Eduardo, finalmente Melo conseguiu ser emplacado vice de Omar Aziz. Ao fim do mandato do titular, rompeu Melo com seu ex-aliado Braga e disputou contra ele as eleições do estado, tendo vencido em 2014 e sido CASSADO logo em seguida em 2015/2016 pelo TRE-AM, por ter montado um grande esquema de compra de votos comandado por Nair Blair. Mas uma liminar da desembargadora Socorro Guedes deixou Melo no cargo. E a qualquer momento o TSE pode julgar o recurso e tirar José Melo definitivamente da cadeira de governador.

Enquanto isso, Melo aguenta as consequências de uma eleição que lhe resultou muitos processos no TRE, onde grande parte de seu tempo é gasto para defender um mandato que os juízes da corte eleitoral já disseram não ter sido conquistado legitimamente. Nesse meio tempo, Melo rompeu com Arthur Neto, político que defendia e declarava admirar. As razões não estão claras até hoje. Arthur Neto é o mesmo político, nunca respondeu por improbidade administrativa ou acusação de compra de votos. Nunca foi cassado. Nunca teve que defender mandato na Justiça. Está no mesmo partido há décadas (PSDB).
Se botar na balança, foi um bônus gigantesco para Arthur esse apoio “perdido”.

O grande problema será quando o TSE julgar José  Melo. Não se imagina possível que um Tribunal Superior diga que a Lei permite comprar votos, com recibo e tudo. Se isso acontecer, o mundo estará definitivamente perdido e a Justiça Eleitoral deve ser extinta, pois não terá mais nenhuma função nesse país!

Hoje pela manhã em posse de Ministro em Brasília, Melo que não para de frequentar o Poder Judiciário, deve ter aprendido uma lição: você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências. Oremos!