O editor-chefe reuniu sua equipe e foi conferir as ruas da cidade, na noite de sexta-feira – dia em que havia um temor geral sobre possíveis arrastões, oriundo de mensagens atribuídas a organização criminosa chamada FDN – Família do Norte.
Desta vez, felizmente o alarme era falso. Não se viu mais assaltos e assassinatos além daqueles bárbaros que já acontecem todos os dias no Estado de muita violência e pouca segurança. Mas isso não impediu que constatássemos uma realidade sobre nossa cidade: há duas Manaus.
Em uma delas moram as pessoas que ficam aguardando atendimento, completamente anestesiadas nas filas do João Lúcio, do 28 de Agosto e de todos os hospitais públicos. Sem capacidade de reagir aos escândalos marcados pelos desvios de verbas da Saúde (como na recente operação Maus Caminhos), essa Manaus simplesmente aguarda, aguarda, aguarda.
Mas há outra Manaus. A Manaus do glamour, dos bares e boates de luxo, das Festas de Halloween nos salões de condomínios, onde sobra detalhes de conforto. Nessa Manaus dos abastados, há quem esteja lá por mérito pessoal e há os que se apropriaram de algo que não lhes pertencia. Enquanto não se descobre a origem (lícita ou não) de muitos recursos que passeiam pelas ruas da cidade, aquela primeira Manaus continua anestesiada nas filas, aguardando, aguardando, aguardando.
