A empresária Nair Blair trocou os advogados que atuavam na defesa dela junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando ‘quebra de confiança’ na equipe que a defendia em um recurso, com tramitação no tribunal, que pode confirmar a cassação dos mandatos do governador José Melo e do vice-governador Henrique Oliveira (SDD).
O julgamento do caso no Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) resultou, em janeiro deste ano, na cassação dos mandatos e aplicação de multa de 5 mil Ufirs, equivalente a aproximadamente R$ 5 mil.
Em documento encaminhado aos ex-advogados, datado de 21 de setembro, Nair afirma que “tendo em vista o conjunto dos atos, perpetrados em todos os atos em que V.Sa. atua como patrono por mim constituído, vislumbrei fatos que atentam contra o elo de confiança que, obviamente, tem de existir entre o cliente e o advogado”.
A empresária continua o documento citando que “desta feita, não mais convindo a manutenção da relação cliente/advogado, justamente em virtude da quebra de confiança, é a presente para notificar V.Sa. e seus substabelecidos que, a partir do recebimento da presente, ficam revogados todos os poderes por mim outorgados”, cita Nair.
Procurado pela reportagem, o escritório Aniello Miranda Aufiero e Associados informou que não tem mais movimentações do processo e que “todas as obrigações foram cumpridas”, afirmou.
No dia seguinte ao encaminhamento da carta aos advogados, Nair protocolou no TSE uma procuração para ser representada pela advogada Adriana Moutinho Magalhães Iannuzzi.
Denúncia de esquema
A representação que resultou na cassação dos mandatos do governador e do vice, e a aplicação de multa a Nair Blair, foi movida em 2014 pela coligação ‘Renovação e Experiência’ , que tinha como candidato a governador o atual senador Eduardo Braga (PMDB).
Na época, a coligação denunciou um esquema de compra de votos a favor do governador José Melo, apontando a empresária Nair Blair como responsável por uma empresa ‘fantasma’ que recebeu verba pública destinada à captação ilícita de votos.
Este ano, no dia 22 de setembro, a empresária convocou a imprensa para uma coletiva e negou o envolvimento em caso de troca de votos na eleição de 2014.
O parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE) no processo aponta a total ilegalidade do repasse de R$ 1 milhão para a empresa de Nair Blair.
“Toda a documentação juntada nos autos, oriunda da Secretaria de Segurança Pública, demonstra a total falta de preocupação até mesmo com a aparência de legalidade”. Segundo o MPE, não houve “a indispensável e prévia licitação” para a contratação da empresa de Blair, assim como também não houve “o indispensável processo de dispensa de licitação” e sequer existe um contrato escrito com a empresa.
Em 22 de setembro, a empresária afirmou que os serviços prestados pela Agência Nacional de Segurança e Defesa (ANSD), presidida por ela e contratados pelo governo do Estado, foram de monitoramento na segurança das delegações na Copa do Mundo em 2014.
O contrato é citado em processo na Justiça Eleitoral como fonte que teria alimentado a compra de votos, segundo denúncia do Ministério Público Eleitoral. “Não houve crime, não houve compra de votos. Eu não cometi nenhum crime. Eu não sei a quem possa interessar esse julgamento. A mim não está nada agradável ser citada como pivô de um caso que não ocorreu”, disse. A empresária não explicou por que somente às vésperas da eleição municipal decidiu vir a público para revelar a história. Ela disse que não fez a declaração antes porque se recuperava de problemas de saúde.
Foto e fonte: D24 AM









