Brasileiros escolhem ‘indignação’ para expressar o ano de 2016

INDIGNAÇÃO. A palavra resume o ano de 2016, segundo os mil brasileiros ouvidos CAUSE Consultoria de Causas em todo o país. Esta foi a primeira vez que o Brasil elegeu uma #PalavraDoAno, iniciativa que já é tradição na Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra. Nesses dois últimos países a #PalavraDoAno de 2016 foi ‘pós-verdade’ (‘post-truth’).

“Acredito que nenhuma palavra resume melhor o estado de ânimo dos brasileiros com relação a este ano que acaba. Pelo perfil das palavras finalistas, sabíamos que a escolha se daria entre palavras fortes, carregadas de crítica, reflexo do período pra lá de desafiador pelo qual estamos passando”, disse Lenadro Machado, cientista político e coordenador da pesquisa.

‘Indignação’ despontou na preferência popular em todas as idades e classes sociais, com 41,8% de votos. “Se levarmos em conta o significado formal de indignação, que é ira intensa, ódio, raiva experimentada diante de injustiça, afronta, violação de normas, veremos que o povo brasileiro está mandando um recado claro para as nossas lideranças”, disse Machado.

A ‘indignação’ foi manifestada contra a zica (nos dois sentidos), desmoralização de instituições públicas, com a política e governantes em uma votação realizada pela plataforma online OpinionBox. “É interessante ressaltar que apesar de indignação ter sido a escolhida por todas as classes sociais, faixas etárias, gêneros e regiões do País, existe um perfil que está mais indignado: é a mulher mais velha da classes C e D”, disse Leandro.

A escolha da #PalavradoAno foi feita em duas fases. Na primeira, um grupo formado por profissionais da comunicação e sociedade como um jornalista, uma poeta, um advogado especialista em tecnologia, um cientista político, um antropólogo e uma comunicóloga que elegeram cinco termos que espelham os nossos tempos. Essa lista foi então submetida ao crivo de uma amostra que reflete a composição da sociedade brasileira. “Ao contrário do dicionário Oxford, nosso foco não é sobre um verbete que, portanto, precisa necessariamente ter um potencial duradouro e, por isso, acaba sendo escolhido apenas por especialistas. Queremos captar o espírito deste ano, mesmo que ele seja efêmero. Para tanto, ouvir todos os extratos da sociedade é fundamental”, disse Machado.

Para 2017, a pesquisa pretende eleger a palavra que expressa as expectativas em relação ao ano seguinte. A escolha do termo começou na década de 70 quando a Society of German Language passou a selecionar o vocábulo que melhor resume o espírito da época. Desde então, a ideia se espalhou pelo mundo, com processos de seleção distintos entre si.