Senador crítico às reformas muda de lado após Temer nomear aliado

O comando da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) passou ao centro da disputa política entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), acirrando a disputa política no Amazonas, que em agosto terá eleição para governador.

O ápice da ranhura na relação entre os peemedebistas ocorreu há duas semanas, com a demissão da então superintendente da autarquia, Rebecca Garcia, ex-deputada federal pelo PP e aliada de Braga.

Em seu lugar, na última quinta (1º), o governo Temer nomeou Appio da Silva Tolentino, aliado do senador e ex-governador do Amazonas Omar Aziz (PSD-AM), adversário político de Braga no Estado.

A demissão de Rebecca ocorreu após Braga se posicionar contra as reformas defendidas pelo Planalto, juntando-se ao grupo de peemedebistas rebeldes dentro do Senado, liderados por Renan Calheiros (AL).

Braga é cotado como um dos candidatos ao governo do Estado para as eleições de agosto, após a cassação do mandato de José Melo (Pros).

Rebecca foi nomeada superintendente da Suframa em outubro de 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff (PT), quando Braga era apontado como um dos homens fortes da gestão petista. Ocupou a função de líder do governo no Senado, promovido a ministro de Minas e Energia no segundo mandato de Dilma. Ele votou favoravelmente ao impeachment da ex-presidente.

O cabo de guerra pela Suframa, responsável por gerenciar o PIM (Polo Industrial de Manaus) e a política de incentivos fiscais na Amazônia, ocorre num momento em que a indústria amazonense sofre com os impactos da crise econômica.

O domínio político da Suframa é visto como crucial. O sucesso de sua gestão serve como boa vitrine eleitoral no Amazonas. O PIM é o principal gerador de empregos no Estado.

Por meio de sua assessoria, Omar Aziz negou que Appio Tolentino tenha sido sua indicação.

Conforme a Folha apurou, porém, Tolentino fazia parte de uma lista de nomes sugeridos por ele para ocupar a Suframa, logo após Temer assumir a presidência.

Membro da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, o parlamentar fazia críticas às reformas trabalhista e da Previdência. Após a nomeação de Tolentino, Aziz disse ao site “Poder 360” que votaria favoravelmente às mudanças na lei trabalhista.

O senador, contudo, não foi à reunião da CAE que aprovou a proposta na terça (6). Seu suplente, o senador José Medeiros (PSD-MT), votou favoravelmente à reforma da CLT.

Rebecca disse que fez parte da gestão Aziz no Amazonas, como secretária do governo, mas que as relações políticas foram rompidas. “Era de conhecimento público que ele era contra a minha nomeação [para a Suframa] e que trabalharia pela minha saída”, afirmou.

Ela disse que sua demissão ocorreu sem comunicação do governo e que a indicação para o cargo foi feita por Braga, com apoio da bancada do PP.

Dados oficiais indicam que 37 mil vagas de trabalho foram fechadas desde 2015 no PIM. Em 2016, na comparação com o ano anterior, o faturamento do polo industrial caiu 6%. Já entre 2015 e 2014, a queda foi de quase 8%.

Após dois anos de resultados ruins, a indústria do Amazonas apresentou sinal de recuperação no primeiro trimestre de 2017. Ante os três primeiros meses de 2016, a elevação do faturamento industrial foi de 17,22%.

 

Fonte: Folha de São Paulo