
O panorama do câncer de mama no Amazonas revela desafios e urgências: segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o estado deverá registrar 500 novos casos da doença em 2025, sendo a segunda neoplasia maligna mais frequente entre a população feminina. Em dados mais locais, o boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas aponta que, entre 2014 e 2023, foram notificados 1.837 óbitos por câncer de mama, dos quais 1.415 ocorreram na faixa etária de mortalidade prematura (30 a 69 anos).
Esses números reforçam a relevância do Outubro Rosa no estado, ao mesmo tempo em que impulsionam a reflexão sobre novas políticas de rastreamento e prevenção.
Para a médica geriatra Karoline Rodrigues, as recentes discussões sobre mudanças na faixa etária de rastreio do câncer de mama ganham especial importância. “Temos observado um aumento no número de casos em mulheres mais jovens”, afirma. “Por isso, a recomendação hoje é que o rastreio ocorra entre os 40 e 74 anos — faixa mais ampla que abrange mulheres que, até então, ficavam fora da faixa tradicional de 50 a 69.” Segundo ela, “o rastreio é essencial porque dá chance real de diagnóstico precoce, que pode transformar prognósticos”. Para Karoline, ampliar a cobertura etária e conscientizar mulheres nas faixas intermediárias é uma estratégia que pode salvar vidas.
No âmbito institucional, a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Ministério Público do Amazonas (SINDSEMP-AM), Wladia Maia, reforça a importância do acompanhamento contínuo à saúde feminina e destaca a atuação sindical na promoção do autocuidado. “Nós estimulamos as servidoras a fazerem exames regulares e mantemos diversas parcerias, como a existente com o Instituto Senescer, para oferecer suporte e orientação”, explica Maia. “O sindicato entende que saúde preventiva não é só um benefício individual, mas sim um compromisso coletivo, uma política de valorização da vida e promoção de bem-estar, focando na identificação precoce de problemas de saúde e no seu devido tratamento.
Cuidados com as idosas
Ao abordar especificamente o público acima de 60 anos, Karoline alerta que não basta aplicar automaticamente o rastreio. “Para mulheres com mais de 60 anos, precisamos olhar para múltiplos fatores: comorbidades, grau de independência, comprometimento motor, funcionalidade”, pondera. “A partir dos 75 anos, o rastreio só é indicado se a mulher mantém boa independência, apresenta poucas comorbidades e tem histórico compatível. Em geral, a orientação é que haja conversa entre médico, família e paciente, ou que se atue caso surjam sinais ou sintomas sugestivos.”
O Outubro Rosa lembra que a prevenção é um compromisso coletivo — não apenas de mulheres, mas de toda a rede de saúde, instituições públicas e entidades sindicais. No Amazonas, com a mobilização de sindicatos, parcerias com instituições de saúde e políticas ampliadas de rastreamento, a meta é avançar rumo a diagnósticos mais precoces, tratamento oportuno e redução das mortes por câncer de mama no estado.









