Acidentes de trabalho causam uma morte a cada quatro horas no Brasil; como prevenir?

Profissional conhecido como técnico em Segurança do Trabalho é um dos principais atores responsáveis por evitar esse tipo de ocorrência

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Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), plataforma que considera apenas registros envolvendo pessoas com carteira assinada, a cada 3h47, uma pessoa morre em decorrência de acidentes de trabalho no Brasil. O índice chama a atenção para a importância de maior prevenção a essas ocorrências, papel destinado ao técnico em Segurança do Trabalho, profissão celebrada em 27 de novembro.

A data foi criada para fazer alusão à Lei n.º 7.410, que regularizou a profissão no país, sancionada em 27 de novembro de 1985. O técnico desta área atua em ações prevencionistas nos processos produtivos do trabalho, com auxílio de métodos e técnicas de identificação, avaliação e medidas de controle de riscos ambientais, de acordo com as normas regulamentadoras, princípios de higiene e saúde do trabalho.

“Esse profissional também desempenha um papel crucial na investigação de acidentes, analisando suas causas e propondo melhorias para evitar a repetição de incidentes semelhantes. Ao assegurar que as normas de segurança e saúde ocupacional sejam seguidas, ele ajuda a criar um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, contribuindo significativamente para a redução de acidentes”, afirma o engenheiro e professor do curso de segurança do trabalho do Centro de Ensino Técnico (Centec), Leilson Farias.

Dados

Ainda segundo o Observatório, de 2012 até novembro deste ano, foram gastos mais de R$ 147,6 bilhões com afastamentos acidentários de trabalhadores.

No caso do Amazonas, entre 2012 e 2022, foram ao menos 65.650 acidentes de trabalho. O pico de notificações ocorreu em 2012, quando foram registrados 7.146 acidentes em um único ano. Neste período de dez anos (2012-2022), foram 29.746 afastamentos por acidentes de trabalho, no estado.

Leilson Farias ressalta que todos os colaboradores de uma empresa podem realizar ações para não só prevenir acidentes contra si, mas também com colegas. “Algumas dicas valiosas são sempre prestar atenção ao seu entorno, em quais áreas têm acesso fácil e onde há algum risco. Também sempre mantenha uma postura correta, faça intervalos regulares e utilize os equipamentos de segurança”, aconselha.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo SmartLab, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os acidentes de trabalho e as mortes acidentárias voltaram a crescer no Brasil em 2021, após uma queda em 2020 devido à pandemia.

Em 2021, foram comunicados 571,8 mil acidentes e 2.487 óbitos associados ao trabalho, com aumento de 30% em relação a 2020. Os setores que mais registraram acidentes foram o de transporte, armazenagem e correio, com 14,4% do total, seguido pelo de saúde humana e serviços sociais, com 13,9%, e pelo de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com 13,3%. As principais causas de acidentes foram quedas, choques elétricos, esforços excessivos e contatos com objetos cortantes ou perfurantes.

Formação

Para quem tem interesse pela área, o professor explica que a formação técnica em segurança do trabalho tem duração de 18 meses. As disciplinas vão desde conteúdos básicos, como português e informática, até específicos, como legislação e desenho técnico. “Outros são análise de riscos, ergonomia, higiene ocupacional e primeiros-socorros”, afirma ele.

A profissão de técnico em segurança do trabalho é uma das mais requisitadas no mercado brasileiro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em 2021, foram contratados 38.163 técnicos em segurança do trabalho, com saldo positivo de 7.909 vagas. A média salarial da categoria foi de R$ 2.833,00.

A demanda por esses profissionais é constante, pois a maioria das empresas de médio e grande porte são obrigadas a contratar ao menos um técnico desta área, a depender do número de funcionários e grau de risco. Além disso, a profissão tem um amplo campo de atuação, podendo trabalhar em indústrias, construção civil, serviços, consultorias, órgãos públicos, entre outros. No Amazonas, o principal mercado é o Polo Industrial de Manaus, onde há cerca de 500 empresas.

“A Zona Franca de Manaus é um importante polo industrial e econômico, e a área de segurança do trabalho tem uma relevância significativa nesse contexto. Com o grande número de empresas e indústrias instaladas na região, a demanda por profissionais de segurança do trabalho é robusta. Além das indústrias, há também oportunidades em setores como construção civil, serviços e consultorias especializadas em segurança do trabalho”, afirma o docente.