Bar do Boi – Há 36 anos, o pioneiro e mais tradicional evento do Movimento Marujada

Fotos: MM, Roger Matos e Alexandre Vieira/divulgação

“Custei a adaptar-me a Manaus, irresignado por deixar Parintins, de onde jamais imaginava sair tão cedo. A vida alegre e inocente, de repente, vi escapar ao me deparar com uma cidade grande, sem cercas e quintais, cheia de veículos, prédios e gente. O lado bom disso tudo é que o amor à terra natal e a suas crenças me deu referência”. Foi assim que, em 1988, Afrânio Viana Gonçalves chegou àquele grupo de parintinenses radicados na capital.

O sonho coletivo passou por alguns lugares, em busca de identidade, até que no feriado de 1º de maio daquele ano, o Bar do Carlinhos começou a ganhar a simpatia de manauaras e parintinenses, amantes da cultura do boi-bumbá. Ao som de toadas e contemplando lembranças registradas em fotografias, o grupo de sonhadores começar a empreender esforços pelo apoio à divulgação do Festival de Parintins, especialmente ao Boi Bumbá Caprichoso.

A empreitada ganhou nome e dia para os pioneiros encontros. O Bar do Boi iniciara, às tardes de sábado, uma história que cedo não mais caberia no modesto Bar do Carlinhos. No ano seguinte, o Grêmio Recreativo dos Servidores do Ministério da Agricultura abriu suas portas para o crescente público e o evento passou a oferecer estacionamento para veículos.

Dois anos depois, em 1991, o Bar do Boi alçou ao protagonismo cultural e, na TvLândia, viveu áureos tempos até hoje exaltados. A aprimorada estrutura de palco, sala VIP e camarotes, e o maior número de bares e de voluntários para atender o público, impulsionaram o movimento cultural em Manaus e o evento revelou seu maior ídolo – Arlindo Junior. Misturadas, as histórias do Bar do Boi e do Pop da Selva reverberam entre gerações nesses 36 anos.

Feito a muitas mãos assim como o bumbá Caprichoso, o Bar do Boi nasceu dos ideais da Ala Jovem. Abnegados parintinenses que, com incondicional amor, atravessaram o rio Amazonas e dedicaram vida à maior e mais importante vitrine cultural do Festival fora de Parintins. O Bar do Boi passou pelos quatro cantos da cidade de Manaus, tendo como palco Sambódromo, Arena VIP, Mocidade Independente de Aparecida, Casa dos Bumbás, Clube da Assinpa, SESI Clube do Trabalhador e Copacabana, até seu retorno ao Sambódromo, com apoios institucionais e privados que acreditam que a cultura popular é a identidade e o triunfo do povo.

“Temos muito orgulho de chegar aos 36 anos de história com o Bar do Boi, um evento que tem por marca a ousadia de se reinventar. A dedicação de cada associado, colaborador e parceiro foi determinante na conquista da notoriedade e confiança junto ao nosso público, a quem entregamos o nosso melhor a cada temporada”, disse Rogério Jesus, presidente do Movimento Marujada.

Pouco tempo depois, em 1997, nascia oficialmente o Movimento Marujada. Associação cultural atuante na promoção e difusão da cultura do boi-bumbá de Parintins, especialmente o Caprichoso. Além do pioneiro e tradicional Bar do Boi, o Movimento Marujada se orgulha de oferecer um conjunto de eventos ousados e inovadores, sem esquecer das tradições folclóricas e raízes culturais identitárias do povo parintinense, bem como a contribuição do povo manauara à sua bem-sucedida história: Bar do Boizinho, Feijoada VIP, ensaios da Marujada de Guerra, Caravana Azulada, Marujada Fest, Luau, Movimento Sunset e Roda de Toada.