Dilma racha com o PT para manter o que sobrou do seu mandato

A presidente Dilma iniciou um processo de afastamento do PT em busca de conter as investidas da oposição e de parte do PMDB pela retirada dela do Palácio do Planalto. Como já era esperado, a presidente não compareceu ontem à festa de 36 anos de seu partido, no Rio de Janeiro. De acordo com um integrante do governo, Dilma está convencida de que é impossível preservar o mandato sem se descolar da legenda, alvejada pela Lava Jato e contrária à reforma da Previdência, considerada prioritária pela presidente para atrair o apoio do empresariado e recuperar credibilidade no mercado.

Os últimos dias expuseram os caminhos distintos que Dilma e seu partido defendem para a superação das crises política e econômica.

A ala majoritária do PT já está decidida a manter uma distância regulamentar da presidente e de suas diretrizes para a economia. Petistas históricos abrigados na Esplanada dos Ministérios se articulam com movimentos sociais para pressionar Dilma, inclusive com manifestações nas ruas, a esquecer a reforma da Previdência e a rever sua nova estratégia política, que prevê também uma aproximação com a oposição, especialmente a tucana.

No entanto, em conversas reservadas na semana passada, aliados de Serra e de Alckmin avaliaram que o maior problema de Dilma não é o PSDB e a ação no TSE, mas a ala do PMDB contrária ao governo, que nos últimos dias, após a prisão do ex-marqueteiro da presidente João Santana, voltou se articular em torno do impeachment e passará a buscar apoios no setor empresarial.

Ontem, em Santiago, Dilma justificou a ausência no aniversário do PT com a alegação de que não chegaria a tempo de participar do evento. Questionada sobre as críticas do partido ao ajuste fiscal conduzido por sua administração, ela disse que não governa só para o partido, mas para toda a população. “Eu não governo só para o PT. Eu governo para os 204 milhões de brasileiros”, afirmou.