Diretora de filme amazonense destaca forte conexão do público com o documentário ‘Os Avós’

Ana Lígia Pimentel está no Festival de Gramado para participar da premiação que será neste sábado (23), a partir das 20h45, horário de Brasília

Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto

Concorrendo na Mostra Competitiva de Longas-Metragens Documentais do 53º Festival de Cinema de Gramado com o filme ‘Os Avós’, a cineasta Ana Lígia Pimentel já está no Rio Grande do Sul onde participou, nesta quinta-feira (21) da exibição do longa e de um debate que causou impacto, tendo em vista o tema abordado no roteiro. Além disso, ela participa neste sábado (23) da cerimônia de encerramento e premiação, a partir das 20h45 (horário de Brasília), com transmissão pelo Canal Brasil.

“Gramado é um espaço importante para o cinema brasileiro e estar aqui com ‘Os Avós’ representa muito para mim e para toda a equipe. É um reconhecimento simbólico para o cinema que fazemos a partir do Amazonas”, afirma Ana Lígia.

O filme percorre comunidades ribeirinhas e áreas urbanas do Amazonas e expõe um fenômeno cultural muitas vezes naturalizado, mas carregado de tensões: homens e mulheres que, aos 30 ou 35 anos, já são avós. Mais que estatística, o documentário mostra como esse ciclo familiar acelerado perpetua desigualdades históricas e desafia noções de tempo, cuidado e destino.

Ainda de acordo com Ana Lígia, a recepção do filme no Festival de Gramado está sendo “muito positiva”. “As pessoas têm se conectado com a história e com a forma como o longa escuta e observa seus personagens. É gratificante ver que a proposta do filme está sendo compreendida e sentida”, ressalta ela.

A montagem, assinada pela própria Ana Lígia Pimentel, sob a consultoria de Jordana Berg (membro Academia do Oscar), é um dos pilares da obra, criando uma estrutura rítmica que alterna respiros poéticos e momentos de confrontação. A voz de Maria Ribeiro, que narra trechos do filme, funciona como um sutil fio condutor, ecoando as perguntas e memórias que atravessam a narrativa.

O resultado é um filme que não busca respostas fáceis, mas que, ao mesmo tempo, ilumina os entrelaçamentos entre gênero, território, religião e heranças culturais e condicionamentos coloniais que moldam as escolhas – e não escolhas – das pessoas entrevistadas.

“A seleção (para o festival) já é uma grande conquista. Claro que existe expectativa de vitória, mas o mais importante é que o filme circule, que provoque reflexões e que abra caminhos para outras produções amazonenses”, finaliza Ana Lígia Pimentel.