Comemorado, ontem (28), o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, data que homenageia o nascimento do cientista Baruch Blumberg – o descobridor do vírus da hepatite B em 1965 – segue, em meio à pandemia da Covid-19, a campanha intitulada “Não Vamos Deixar Ninguém para Trás”, fazendo um alerta sobre a redução dos números de testes realizados para hepatites. Segundo o Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig) ocorreu uma queda de 40%. A entidade alerta que, com a redução da testagem, o número de tratamentos para as hepatites reduziu em 50%.
O infectologista Marcelo Cordeiro, consultor do Sabin Medicina Diagnóstica, explica que a queda no número de testes já era esperada para esse último ano pandêmico. “Além da hepatite C, foram observadas quedas nos atendimentos a outras condições. A pandemia impactou também o HIV, tuberculose, câncer, entre outras doenças”.
A subnotificação de casos chamou atenção no Amazonas. Segundo o Ministério da Saúde, o Estado registrou queda de 54,7% no número de casos de hepatites virais. Foram 1.319 casos em 2019 contra 620 em 2020, primeiro ano da pandemia.
“É preciso que os serviços de saúde retomem rapidamente as campanhas de conscientização e os programas de atendimento, caso contrário, teremos diagnósticos mais tardios, tendo como consequência mais complicações e tratamentos menos eficazes”, alerta o consultor médico do Sabin. “Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor pode ser o resultado do tratamento”, conclui.
Exames são essenciais
As hepatites virais podem ser diagnosticadas através de exames de sorologia (como anti-HCV) e de biologia molecular (HCV-RNA quantitativo). “Há vários tipos de exames, inclusive específicos para cada vírus. Os chamados testes rápidos são úteis para triagem inicial. Quando algum desses é positivo, exames adicionais são necessários”, elucida o especialista.
Entenda as hepatites
As hepatites virais são doenças infecciosas que atingem o fígado e podem evoluir para casos moderados e graves. Existem cinco tipos, sendo que os mais comuns são A, B e C. Há também a hepatite D, essa é mais comum na região Norte e a tipo E, rara no Brasil.
“Os vírus das hepatites podem ser transmitidos pela via oro-fecal, quando é transmitido por água ou alimentos contaminados (hepatite A, por exemplo); quando se pratica sexo sem proteção (hepatite B), compartilhamento de seringas contaminadas (hepatite B e C) e da mãe para o feto (hepatite B)”, explica o infectologista.