Inclusão profissional: desafios e avanços na jornada de trabalhadores com deficiência 

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Há 33 anos, a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (nº 8.213/91) foi um marco para a inserção de pessoas com impedimentos físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais no mercado de trabalho. O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro, reforça a importância de refletir sobre avanços e desafios enfrentados nesse período.

Embora a pauta ainda precise evoluir, algumas empresas já adotam posturas positivas. Dados recentes da Catho, marketplace que conecta empresas e candidatos gratuitamente, mostram que 30,82% das organizações brasileiras implementaram programas de diversidade e inclusão, e 10,10% planejam fazê-lo até o final de 2024.

Com paralisia cerebral atáxica (caracterizada por problemas de coordenação e equilíbrio), Adriele da Silva Carvalho conquistou sua primeira oportunidade de trabalho somente aos 25 anos, em sua estadia de seis anos em Santarém (PA). Durante seis meses, ela foi bolsista do projeto social ‘Bem Viver’, da Associação de Deficientes Físicos de Santarém (Adefis), fazendo visitas domiciliares para apresentar propostas de melhorias de vida a famílias de pessoas com deficiência.

No retorno a Manaus, em 2023, a jovem amazonense – hoje com 28 anos – viu nascer uma nova oportunidade: há um ano e quatro meses, é auxiliar administrativa no setor de atendimento do Sabin Diagnóstico e Saúde. “Uma colega com quem estudei avisou sobre a vaga para PCD. Confesso que não gosto de criar expectativa diante das coisas, e então foi uma grata surpresa ser aprovada. Antes disso, via essa realidade como algo inalcançável, apesar da minha força de vontade”, relata.

Para Adriele, um dos diferenciais do Sabin é a postura de igualdade no trato com os colaboradores. “É muito bom exercer suas funções com autonomia, sabendo que você é útil. Existe cuidado com acessibilidade, mas o mais importante é ser vista como uma pessoa capaz, que pode crescer dentro do ambiente de trabalho”.

Outro exemplo de superação é o de Kivilly Daianna de Souza Amori, deficiente visual desde os oito anos devido a uma inflamação no globo ocular direito. Aos 18 anos, ela conseguiu seu primeiro emprego como agente de serviços de apoio no Sabin. “Pensei que teria dificuldades por conta da minha deficiência, mas não encontrei obstáculos. Percebi que não há diferença alguma entre os colaboradores e que todos se tratam com o devido respeito, uma coisa que é muito rara em outros locais”, afirma.

Kivilly também reconhece o compromisso do Sabin com a inclusão. “A empresa faz questão de nos acolher e nos mostrar que somos tão capazes quanto qualquer pessoa sem deficiência.”

Essas histórias se destacam em um cenário desafiador. Segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), baseada nos dados do eSocial de janeiro de 2024, apenas 545.940 trabalhadores com deficiência estão empregados formalmente no Brasil. Isso em um país com 17,5 milhões de pessoas com deficiência em idade economicamente ativa, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). O descompasso evidencia o quanto ainda é preciso avançar.

Benefícios de mão dupla 

A implementação de uma cultura diversa e inclusiva no ambiente de trabalho caminha lado a lado com a produtividade. Conforme o estudo ‘Diversidade: Inclusão ou Estratégia?’, da Harvard Business Review, em organizações que valorizam a diversidade, os colaboradores apresentam engajamento 17% maior em suas atividades, além da existência de conflitos se tornar 50% menor em comparação aos ambientes não inclusivos.

Essa visão estratégica impulsiona iniciativas como a do Grupo Sabin, que, desde 2018, promove um programa robusto de diversidade e inclusão com cinco pilares: gênero, raça, LGBTQI+, pessoas com deficiência e multigerações.

Além disso, a empresa lançou, em 2021, o Guia Sabin de Diversidade e Inclusão, distribuído para colaboradores e stakeholders. Com 358 unidades em 78 cidades, incluindo Manaus, o Sabin reforça seu compromisso com a equidade e com a valorização da diversidade.

“Nosso propósito é acolher, respeitar e conviver com qualquer tipo de diferença. Garantir que todos tenham condições equitativas de desenvolvimento fortalece tanto a empresa – como negócio, quanto a relação entre as pessoas”, destaca Marly Vidal, diretora administrativa e de pessoas do Grupo Sabin. Segundo ela, a organização vai além do cumprimento da Lei de Cotas. “A diversidade e a inclusão não são apenas uma obrigação, mas uma escolha estratégica que promove crescimento e inovação.”