Embora a incidência da infecção por HPV (Papilomavírus Humano) seja bastante comum na população mundial, o que muitas pessoas não sabem é que o vírus pode causar câncer. Dos mais de 200 tipos do vírus, 13 deles possuem relação com o aparecimento de tumores malignos de colo do útero – terceiro mais frequente na população feminina – e também na vulva, vagina, ânus, pênis, boca e orofaringe, região posterior à boca.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estudos internacionais sugerem que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial estejam infectadas pelo HPV. Contraída principalmente através de relações sexuais, a maioria das infecções por Papilomavírus Humano é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, regredindo entre seis meses e dois anos após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens.
No entanto, segundo o infectologista do Sabin Medicina Diagnóstica, Marcelo Cordeiro dos Santos, “no pequeno número de casos nos quais a infecção persiste, pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, que se não forem identificadas e tratadas podem progredir para o câncer”.
De acordo com o especialista, além de adotar medidas preventivas à infecção por HPV, como o uso de preservativos, é fundamental a realização de exames e check-ups regulares para possível diagnóstico precoce da doença. “A principal forma de contágio é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. O uso de preservativo é sempre recomendado, porém não abrange totalmente as regiões do corpo que podem ser infectadas. Por isso, é fundamental o acompanhamento médico periódico, para possível detecção e tratamento da infecção”, explica o médico.
O câncer de orofaringe e boca, que também pode estar relacionado ao HPV, é um dos mais frequentes na população masculina, especialmente na faixa acima dos 40 anos. Também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral, o tumor afeta lábios, estruturas da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca, língua e a região embaixo da língua.
Sintomas de infecção por HPV
Estimativas do Inca indicam que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolvem alguma forma de manifestação – o que faz com que pessoas infectadas transmitam o vírus sem saber. Sendo assim, a doença pode se apresentar na forma clínica com lesões aparentes ou subclínica, quando os sinais não são perceptíveis.
Na forma clínica, é possível perceber verrugas, tecnicamente denominadas condilomas acuminados e popularmente chamadas de “crista de galo”, “figueira” ou “cavalo de crista”. Têm aspecto de couve-flor e tamanho variável.
Nas mulheres, podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem ocorrer na boca e na garganta em ambos os sexos. Já as infecções subclínicas (não visíveis ao olho nu), podem ser encontradas nos mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal.
O diagnóstico de HPV é feito através de técnicas de biologia molecular (PCR), que detectam a presença do DNA do vírus. Não há medicamento específico para eliminar o vírus, no entanto, o tratamento das verrugas genitais é individualizado, dependendo da extensão, quantidade e localização, e será indicado pelo médico do paciente. Podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo.