Legalização dos jogos: oficialização da lavagem ou solução para a crise brasileira?

Muitos brasileiros, entre eles inclusive amazonenses, admiram um bom carteado. Alguns inclusive deixam milhares de dólares em luxuosos cassinos nas Bahamas, Uruguai e Estados Unidos. Sem remorsos ou pudores, levam a família e até filhos menores para assistirem suas jogatinas. Enquanto saboreiam aquele uísque especial, os bambinos fazem o sacrifício de desfilar pelos paraísos desse planeta. Certamente que tamanho sacrifício não deve ser custeado com dinheiro público, sendo provavelmente verba oriunda de fontes lícitas.

Pensando em trazer para o Brasil esses resorts que parecem existir apenas nos contos de bruxas, a Câmara dos Deputados instalou no segundo semestre do ano de 2015 (mês de outubro) a Comissão Especial do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, que vai analisar mais de dez propostas sobre a legalização de bingos, cassinos, jogo do bicho, jogos pela internet e caça-níqueis. O projeto mais antigo sobre o tema foi apresentado há mais de 20 anos para descriminalizar o jogo do bicho (PL 442/91).

O autor do pedido de criação da comissão especial, deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), defendo explicitamente a regularização dos jogos como fonte de empregos e turismo.

“De 193 países, o jogo é regularizado em 177. Mensalmente, 200 mil brasileiros saem para jogar em outros países, principalmente Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai. Nós não precisamos continuar deixando as divisas irem embora daqui. Nós temos 2,5 bilhões de pessoas no planeta que jogam e precisamos fazer com que essas pessoas venham jogar no Brasil”, afirmou.

O deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) foi eleito presidente da comissão, e o deputado Guilherme Mussi (PP-SP) designado relator. A análise dos projetos vai ocorrer em meio à intenção do governo de buscar novas fontes de recursos para os cofres públicos. A liberação dos jogos no País pode gerar arrecadação equivalente a mais da metade dos R$ 32 bilhões que o governo planeja obter com a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Para Elmar Nascimento, a liberação dos jogos significa oportunidade em um momento de crise econômica. “Nós não podemos ignorar que essa é uma fonte de receita e de turismo dos países mais desenvolvidos”, afirmou. Argumentos contrários
Lavagem de dinheiro, dificuldade de fiscalização e risco de vício são os principais argumentos dos parlamentares contrários à aprovação do marco regulatório dos jogos. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), entre as pessoas que apostam, cerca de 3% enfrentam problemas por causa de jogo, como dívidas ou desentendimentos familiares, e 2% são dependentes. As consequências do vício preocupam o deputado Pastor Eurico (PSB-PE). “É muito fácil pensar nisso de tributar e entrar para os cofres públicos. Estão esquecendo de quantas famílias vão perder, serem destruídas por aqueles que serão fanáticos, incontrolados, que vão pegar tudo o que têm e jogar nos cassinos, nos jóqueis, em todo esse tipo de jogo. Vão perder tudo”, declarou.

Formada por 27 membros, a Comissão Especial do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil se reunirá novamente em 2016 para traçar a agenda e as estratégias para a aprovação. A polêmica é grande. Enquanto isso, os endinheirados passeiam pelos cassinos nababescos do planeta. As redes sociais são pródigas em provas. Oremos!