“O médico me levou para uma sala pequena, e então me pediu para relaxar e me concentrar na minha respiração. Ele me disse para me recordar de quando eu estava fazendo sexo com um homem. De repente eu senti um choque elétrico. Eu saltei, sem saber o que tinha acontecido. Ele apenas sorriu e me disse que era assim que ele me curaria de ser gay.”
Quando Yang Teng visitou a clínica Xinyu Piaoxiang na cidade de Chongqing, no sul da China, em fevereiro de 2014, ele não sabia o que esperar. Yang não havia saído do armário ainda, e estava sentindo a pressão de sua família para que começasse uma família. Ele havia ouvido de outras pessoas na comunidade gay que essa “terapia” poderia “curá-lo” da homossexualidade, mas sua curiosidade tornou-se terror quando ele percebeu que o tratamento envolvia ser eletrocutado, e foi embora antes do fim da sessão. Ele afirma que um programa completo de 30 sessões de uma hora, cada uma com três ou quatro choques elétricos, custam 30 mil yuan (R$ 18.460,00).
Revoltado e determinado a expor o abuso que a clínica cometia contra homens e mulheres homossexuais, Yang a processou. Em dezembro de 2014 uma corte de Pequim decidiu a seu favor, declarando que esses tratamentos são ilesgais, e exigiu que a clínica pagasse 3,5 mil yuan (R$ 2.150,00) como compensação, além de publicar um pedido de desculpas em seu website.
Apesar da esperança de Yang e de outros ativistas que esse caso ponha fim a essa prática, a clínica continua a oferecer essa terapia – a preços ainda maiores – assim como muitos outros centros médicos por todo país. Apesar da China ter legalizado as relações homossexuais em 1997 e tê-las removido de uma lista de distúrbios mentais em 2001, a homossexualidade ainda é considerada tabu pela maior parte da sociedade, e muitas pessoas homossexuais sentem-se pressionadas por suas famílias para casarem-se e terem filhos.