* Kelli Pontes
“O tempo voa!”… Quem nunca ouviu ou disse essa profunda e inevitável verdade? É perceptível como o tempo registra os acontecimentos desde a fascinante concepção humana até sua finitude. Independente do passado ou do futuro, se é que este existe, o tempo está presente, e o sentimos de forma pessoal e no “viver a vida”.
Para alguns, o tempo é uma dádiva que a vida oferece, assim como tantas outras que estão ao dispor da humanidade. Já para outros, é desafio, pois em meio ao ritmo frenético da vida contemporânea, enveredada por tantas obrigações e pressões internas e externas, como ser protagonista do próprio tempo, quando estão à mercê de produzir e dar resultados cada vez mais elevados? Seja na área profissional ou pessoal, “naturalmente” veem o tempo voar e sentem-se invadidos pelo sentimento de culpa e frustração por não haver desfrutado daquele momento como desejavam.
Este sentimento pode ocorrer até mesmo no tempo de lazer que deveria ser direcionado a proporcionar bem-estar e recompor a energia por meio da diversão, do entretenimento, da interação social, do autocuidado. Ainda que o lazer vise gerar bem-estar, não é incomum observar que após um fim de semana, feriado prolongado ou férias, há pessoas que demonstram arrastar uma exaustão inexplicável.
Fica a reflexão: estamos utilizando o tempo de lazer para revigorar a alma, aguçar a esperança, renovar o olhar e estar entre pessoas que acalentam o coração? Se isto não está acontecendo é importante parar e avaliar qual a origem do mau-humor, do cansaço ou do estresse, uma vez que tais momentos deveriam trazer leveza, descanso e vigor. O que está consumindo a sua energia? Se há ou não uma resposta, a dica é olhar para dentro de si e analisar se é o momento de ajustar a rota.
Ainda que permaneça vivendo numa sociedade emaranhada no prazer imediato, no consumo impulsivo e por sobrecarga de informações, talvez seja hora de reconsiderar as pequenas e simples experiências com momentos agradáveis consigo mesmo e com outras pessoas.
Desafie-se a descobrir quais atividades de lazer prazerosas que se ajustam à sua realidade econômica e à sua rotina. Priorize a qualidade do que se faz em detrimento da quantidade e intensidade. Mesmo que o tempo de lazer seja breve, pois repentinamente a segunda-feira chega ou as férias acabam, e o que importa é descansar e se sentir realizado e satisfeito com o seu tempo de lazer.
Após redefinir a rota, exercite a gratidão pelo único momento que existe, e que pode viver integralmente, e escolha ser e estar presente, porque o ontem passou e o amanhã não se sabe se chegará. Lide da melhor maneira possível com o prazer de viver o aqui e agora! O tempo de lazer é o único tempo que você pode dizer que é plenamente seu, portanto, não “terceirize” e maneje-o com equilíbrio, para que ele seja um aliado em sua saúde mental, física e espiritual.
* Kelli Aparecida da Silva Pontes é psicóloga e pós-graduada em saúde mental. Atua como psicóloga clínica e organizacional na Fundação João Paulo II.