O sonho que virou pesadelo: medo de desabamento apavora moradores do ‘Viver Melhor’

Cinco anos após a entrega da primeira etapa do conjunto Viver Melhor no bairro Santa Etelvina, zona norte de Manaus, moradores denunciam rachaduras, vazamentos e problemas com a rede de esgoto dos prédios. A construção do conjunto, que faz parte do programa federal Minha Casa Minha Vida e custou R$ 196,3 milhões aos cofres públicos, foi executado pelo governo do Estado. Com medo de desabamento, beneficiários estão deixando os apartamentos.

O meu sonho da casa própria virou um pesadelo”, a afirmação é de uma das moradoras do conjunto habitacional, a dona de casa Soraya Gomes Duarte, 47. Morando desde de 2012 no bloco 212, ela conta que fez três reclamações para a Caixa Econômica Federal . Indignada, a dona de casa mostrou ao DIÁRIO uma das fendas no prédio que percorre todos os andares.

“Já denunciei e disse que o meu apartamento está todo rachado, tanto dos lados, na janela, no banheiro tem até um buraco. E eles não resolvem nada do meu problema. Quer dizer: vão esperar desabar pra fazer alguma coisa? Eu moro no primeiro andar, eu tenho medo que desabe”, afirmou.

Soraya contou que no quarto da filha a rachadura é tão grande que é possível atravessar uma faca. “A gente está entregue às baratas aqui, já reclamei muitas vezes. Eu não ganhei esse apartamento, não foi de graça e eu pago todo mês e se a gente atrasa eles ligam logo, mas para resolver nosso problema a gente não acha ninguém”, reclamou a dona de casa.

Ex-síndico do conjunto, Carlos Peixoto, 52, disse que perdeu as contas de quantas vezes acionou a Caixa, por conta das tubulações de esgoto, vazamentos e fendas nas paredes dos apartamentos.

“Tem apartamento que eu já acionei seis vezes e nunca resolveram. É uma situação crítica mesmo. Eu mesmo já desentupi muitos encanamentos aqui. Acontece que as tubulações são muito finas para a quantidade de apartamentos, foi muito mal feito”, afirmou o ex-síndico.

Peixoto relatou que, em um dos apartamentos do bloco 226, a infiltração piora durante a chuva e fez a proprietária, uma idosa de 80 anos, perder  parte dos móveis da casa. No local moram seis pessoas, dentre elas quatro crianças e o cheiro de mofo, sentido pela reportagem é quase insuportável. “Eles nem conseguem viver aqui. Ela só mora porque  não tem para onde ir. Isso aqui tudo foi mal feito desde o começo”, reclamou Peixoto.

 

Fonte: D24 AM