Pacientes com lúpus atendidos no Ambulatório Araújo Lima, no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) temem o fechamento do programa de atendimento especializado da unidade. Segundo os doentes lúpicos, há demora no atendimento, que passou a ser agendado por meio do Sistema de Regulação Nacional (Sisreg), e superlotação na unidade.
O servidor público Elton Vasconcelos, 33, conta que é atendido pelo programa há cerca de 20 anos e, segundo ele, essa é a primeira vez que o serviço está passando por problemas. Diagnosticado com a doença considerada rara, Elton precisa retornar ao reumatologista, especialista na enfermidade, a cada três meses, mas devido a mudança no plano de agendamento de consultas, o retorno passou a ser realizado depois de mais de seis meses de espera, pelo sistema Sisreg.
“O atendimento é realizado todas as terças e quinta-feiras, e antes a gente tinha que esperar o atendimento de 20 a 25 pacientes lúpicos por dia. O que é normal porque é um serviço público, no ambulatório público, que atende uma doença rara. Mas desde que o Sisreg passou a agendar os atendimentos, o programa passou a atender não somente os diagnosticados com o lúpus, como toda a população em geral. Eu já cheguei a esperar mais de oito horas, mais de 70 pacientes na minha frente”, disse.
A estrutura para o atendimento na unidade médica também foi criticada pelos pacientes, que informaram que os enfermos com dificuldade de locomoção não conseguem acessar o piso do atendimento. “O elevador que dá acesso ao segundo andar não tava funcionando, aí fica difícil para o cadeirante ir fazer o tratamento porque fica lá em cima. Uma situação crítica. Nesses 20 anos, nunca vi o programa desse jeito”, alertou.
Paciente lúpica atendida há três anos no programa, Gesilane Galvão, 30, também afirma estar enfrentando dificuldades para programar as consultas. Segundo ela, o agendamento, no programa direcionado aos pacientes com lúpus no HUGV, ocorria após a consulta trimestral, no consultório do projeto. Mas, na última consulta realizada em agosto deste ano, a paciente foi informada que deveria comparecer somente no mês de novembro para “tentar marcar uma consulta” com o especialista.
“Vamos perder um tratamento muito sério. Vai prejudicar a gente. A última informação que nos passaram é que o prédio vai passar por uma reforma e, por isso, o atendimento vai para outros lugares. Isso é uma desculpa, o programa vai terminar acabando por falta de estrutura, e esse é o nosso medo”, disse.
A demora para conseguir uma consulta, segundo Vasconcelos, atrapalha o tratamento, porque sem a receita médica os pacientes lúpicos não conseguem obter os medicamentos necessários. “Sem esse medicamento a qualidade de vida do paciente cai consideravelmente. As feridas na pele pioram, porque a gente não pode pegar sol. Dá febre, problema nos rins, no cérebro, precisamos ter esse medicamento, se não, conseguimos nem trabalhar”, disse o servidor.
Hospital culpa demanda
De acordo com Alberto Jean Fermin, analista administrativo do HUGV, “o programa da reumatologia do HUGV que atende a pacientes com Lúpus continua funcionando normalmente, não deixará de existir nem tampouco suas consultas são descentralizadas, agendadas via Sisreg”.
Segundo ele, “somente os novos pacientes a ser inseridos no programa devem vir regulados via Sisreg, e após a avaliação de um médico, encaminhados para o programa”. A demora no agendamento, segundo Fermin, é causada por “uma expressiva demanda de consultas no próprio programa”.
Foto e fonte: D24 AM









