A formação técnica continua sendo uma das principais opções para jovens que buscam ingressar no mercado de trabalho ou melhorar sua qualificação. Mesmo assim, dados do relatório Education at a Glance mostram que apenas 10% dos jovens brasileiros cursam alguma formação profissionalizante, e, desses, menos da metade conclui o curso, segundo estudo do Instituto Insper. Um dos principais desafios apontados pelos estudantes é a questão financeira. Apesar disso, há diversas formas de tornar essa formação mais acessível sem comprometer o orçamento familiar.
Escolha do curso técnico
O primeiro passo para quem deseja ingressar em um curso técnico é escolher a área de formação. No Brasil, os cursos estão organizados em 13 eixos principais, como Ambiente e Saúde, Gestão e Negócios, Infraestrutura, Produção Cultural e Design, entre outros. Cada eixo oferece diversas opções de cursos. Por exemplo, na área de Gestão e Negócios, destacam-se as formações técnicas em Administração e Contabilidade. Já no eixo de Ambiente e Saúde, opções como Técnico em Enfermagem e Farmácia estão entre as mais procuradas.
Decidir o curso ideal pode parecer desafiador, mas existem ferramentas e estratégias que ajudam nesse processo. “Conversar com profissionais experientes, fazer testes vocacionais ou pesquisar relatos de pessoas que atuam na área são formas práticas de tomar uma decisão mais segura”, orienta Eliana Cássia de Souza, diretora-presidente do Centro de Ensino Técnico no Amazonas (Centec-AM). Ela destaca ainda que há testes vocacionais gratuitos disponíveis online, além da possibilidade de realizar uma avaliação com psicólogos especializados.
Concursos de bolsas
Uma das alternativas para reduzir os custos da formação técnica são os concursos de bolsas, promovidos por muitas instituições de ensino. No Centec, por exemplo, o concurso anual oferece bolsas que vão de 15% a 100%. A seleção acontece em junho e avalia os candidatos por meio de uma prova de conhecimentos gerais.
“Elaboramos esse concurso como uma forma de ampliar o acesso ao ensino técnico, garantindo oportunidades para estudantes que enfrentam dificuldades financeiras”, explica Eliana. Na última edição, 278 participantes concorreram às bolsas, que podiam ser aplicadas em qualquer curso da grade da instituição. Entre os beneficiados está Geovana dos Santos, de 17 anos, que conquistou uma bolsa integral. “Essa oportunidade não é só para mim, mas também para minha família, que sempre me apoiou”, celebra a estudante.
Outras instituições também promovem programas semelhantes, e é recomendável que os interessados fiquem atentos às datas e regras de inscrição.
Plataformas de bolsas e descontos
Além dos concursos, ferramentas como Quero Bolsas e Educa Mais Brasil são alternativas para quem busca economizar. Essas plataformas oferecem descontos em mensalidades de cursos técnicos e superiores em diversas instituições de ensino. “Ao comparar diferentes opções, o estudante pode encontrar condições que atendam ao seu orçamento, sem abrir mão da qualidade da formação”, observa Eliana de Souza.
Ainda no Centec, há iniciativas que combinam bolsas com capacitações complementares. Durante o mês de janeiro, estudantes que se matriculam em cursos técnicos recebem uma formação gratuita na modalidade EaD, como forma de agregar valor à qualificação profissional. “Essa iniciativa visa fortalecer a formação dos alunos, garantindo que cheguem ao mercado de trabalho com mais habilidades e conhecimentos”, explica a gestora.
Trabalho aliado aos estudos
Para aqueles que têm disponibilidade, trabalhar e estudar simultaneamente pode ser uma estratégia viável para financiar a formação. Muitos alunos optam por empregos de meio período ou temporários, conciliando essas atividades com os estudos. “Essa é uma realidade comum, e por isso oferecemos aulas nos turnos matutino, vespertino e noturno, além de opções à distância para cursos como Administração, Recursos Humanos e Serviços Jurídicos”, aponta Eliana.
A experiência prática adquirida no mercado de trabalho durante os estudos também pode ser um diferencial no currículo, favorecendo a inserção profissional ao término do curso técnico.
Por que investir em um curso técnico?
A formação técnica é amplamente recomendada tanto por especialistas quanto por quem já passou por essa experiência. De acordo com a pesquisa Educação e Opinião Pública, realizada pelo Instituto FSB em parceria com a CNI, 91% dos brasileiros consideram a formação técnica uma boa escolha para quem busca qualificação rápida e eficaz. Entre os que já cursaram um técnico, o índice de aprovação sobe para 97%.
Os benefícios não param por aí. Dados do Insper indicam que profissionais com formação técnica possuem, ao longo da vida, uma renda média 32% maior do que aqueles que concluíram apenas o ensino médio. “Investir em educação é planejar um futuro mais promissor. Com organização, planejamento e as opções certas de financiamento, é possível superar os desafios financeiros e garantir uma formação de qualidade”, conclui a diretora-presidente do Centec.