Sociedade Saiba como funciona a inteligência artificial capaz de vencer de humanos Por Jander Vieira - 24 de abril de 2016 Há quase 20 anos, depois que o Deep Blue, um computador programado para jogar xadrez, venceu o campeão mundial Garry Kasparov, escrevi um artigo sobre porque os seres humanos ainda continuariam a ser os campeões de Go. “Talvez ainda sejam necessários mais cem anos para que o computador ganhe uma partida de Go – ou ainda mais do que isso. Se uma pessoa razoavelmente inteligente aprender a jogar Go, em poucos meses irá ganhar de qualquer computador do mundo. Você não precisa ser um Kasparov”, afirmou o Dr. Piet Hut, astrofísico e entusiasta do Go do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, Nova Jersey, em 1997. Pelo menos era nisso que todo mundo acreditava. No mês passado, quando um programa de computador do Google chamado AlphaGo venceu o mestre Lee Se-dol em uma partida de Go, quis saber qual seria a reação de Hut. “Minha previsão estava completamente errada. Isso é impressionante”, me respondeu por e-mail. Naquela época, seu pessimismo parecia fundamentado. Embora o Deep Blue tivesse sido treinado e programado pela IBM com alguns conhecimentos sobre o xadrez, sua vantagem residia especialmente na capacidade de realizar cálculos. A cada nova jogada, o Deep Blue fazia previsões rapidamente, explorando um labirinto de ataques e contra-ataques hipotéticos. Em seguida, o programa fazia o movimento que o algoritmo considerasse melhor. E nenhum cérebro humano seria capaz de pensar tão rápido. Mas no caso do Go, um antigo jogo de tabuleiro famoso por sua complexidade, as infinitas opções de movimentos ainda são muito maiores do que a capacidade eletrônica de calcular. Portanto, a habilidade de realizar algo similar à intuição humana – ou seja, procurar e reagir a padrões – parecia ser fundamental e muito distante da realidade.