Assim como o mês de maio, outubro também é um mês dedicado a Maria. Marcado por celebrações em honra à Mãe de Deus, outubro é conhecido como o Mês do Rosário e da Padroeira do Brasil, pois neste mês, celebramos Nossa Senhora do Rosário, no dia 7, Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, no dia 12, e ainda Nossa Senhora de Nazaré, no segundo domingo do mês.
No decorrer do ano, e em especial neste mês, milhares de fiéis vão ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior do estado de São Paulo, para visitarem a Casa da Mãe. Devotos de todo o Brasil e do exterior, vão ao encontro de Maria, não somente com o intuito de suplicar-lhe uma graça, mas, principalmente, porque encontraram em Maria uma verdadeira Mãe. Mãe generosa, cujo coração possui espaço para cada filho, sendo todos por ela amparados, cuidados, curados, restaurados e atendidos em suas necessidades. Esses filhos a buscam não movidos por um simples sentimentalismo, mas sim, porque estão apoiados nas palavras do próprio Cristo, que durante o suplício da Cruz certificou-nos de que não estaríamos na orfandade: “Depois disse ao discípulo: ‘Eis tua mãe!’ A partir daquela hora, o discípulo a acolheu em sua casa” (Jo 19, 26-27).
Certamente, a intenção de Jesus, não foi unicamente a de despertar uma simples afeição filial do discípulo para com a sua mãe, mas, ao contrário, Jesus com essas palavras nos revela a profundidade da missão de Maria sobre cada cristão. Missão que está estreitamente ligada ao mistério da redenção oferecido por Ele a todos os homens.
A missão materna de Maria não chegou ao fim no momento do calvário, pois Maria é apresentada ao discípulo como sua mãe, desempenhando uma singular maternidade sobre todos os redimidos. Essa maternidade não se refere ao sentido físico da geração, uma vez que a essa pertence unicamente o Cristo Jesus. Mas a maternidade de Maria sobre os fiéis consiste na geração da vida espiritual, ou seja, Maria colabora, unida estreitamente com o seu Filho Jesus, para a geração do homem novo em cada um de nós. Trata-se portanto de uma missão materna que está destinada a cumprir-se na ordem da Graça, ou seja, da Graça de Cristo em virtude dos méritos de sua Paixão.
Neste sentido, o papel materno de Maria está ligado à distribuição dos bens espirituais a todos aqueles que, pela graça do batismo, foram incorporados a Cristo e fazem parte do seu Corpo místico. Isso explica os títulos que Maria recebe, como por exemplo de Mãe da Igreja, Mãe dos Pobres, Mãe dos Pecadores, Mãe da Misericórdia, Mãe dos Cristãos, Mãe da Divina Graça, Mãe de todos os homens.
Esse cuidado materno de Maria tem como única finalidade conduzir as almas a seu Filho, assim como a missão de seu Filho é conduzi-las ao Pai. Recorrer a Maria é contar com o generoso cuidado e amor de mãe, como nos ensina a Constituição Dogmática Lumen Gentium, quando afirma que Maria “Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre os perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada” (LG, 62).
Portanto, as manifestações de amor e devoção para com a Mãe de Deus, sempre muito evidentes, principalmente neste mês de outubro, nada mais são do que o reconhecimento de uma maternidade que tem como fundamento as palavras de Jesus ao discípulo amado: “Eis a tua Mãe”. Esses filhos, povo devoto de Nossa Senhora Aparecida, imitando o discípulo, a acolhem na casa de seus corações (Cf. Jo 19, 26-27), honrando a Maria com a total segurança daqueles que sabem, e por isso podem afirmar: Temos uma Mãe!
* Bruno Antonio de Oliveira é seminarista e missionário da Comunidade Canção Nova.