A cheia do rio Negro deste ano será uma das seis maiores da década, diz Inpa

A previsão de cheia do rio Negro para este ano, em Manaus, que normalmente atinge o pico na segunda quinzena de junho, indica que deverá alcançar entre 28,88 e 29,48 metros (média de 29,18 metros) e poderá causar grandes impactos sociais e econômicos para as zonas urbanas críticas e para os ribeirinhos. A informação é do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), Jochen Schongart, de acordo com o modelo matemático que desenvolveu de previsão de cheias do rio Negro.

Para Schongart, a previsão de cheia em 29,18 metros é alarmante, porque com isso ocorreram seis grandes cheias com mais de 29 metros nos últimos dez anos. “Tivemos grandes cheias em 2009, 2012, 2013, 2014 e 2015 e, este ano, também será uma grande cheia. Isso é algo que nunca foi observado nos dados que existem desde setembro de 1902″.

A média histórica do rio Negro é de 27,87 metros com base nos dados que se tem desde 1903. A margem de erro para a previsão deste ano é de 30 centímetos para cima ou para baixo.

Em 2015, o nível do rio atingiu 29,66 metros, em 2014 e 2013 foram registradas as marcas de 29,33 metros e 29,50 metros, respectivamente, e em 2012, atingiu 29,97 metros, a maior cheia no registro, e em 2009, foi de 29,77 metros. Antes disso, Manaus teve cheias acima de 29 metros somente na década 1970 (1971, 1975, 1976), e nos anos de 1953, 1922 e 1909.

O pesquisador do Inpa explica que a variabilidade de cheias na Amazônia Central depende muito das condições do Pacifico Equatorial. “No ano passado, tivemos a forte influência do fenômeno El Niño (aquecimento das águas superficiais na região central e leste do Pacífico Equatorial que resultou numa cheia não muito forte e que ficou abaixo da cheia nos níveis máximos históricos, alcançando 27,18 metros” explica Schongart.

Alerta – O pesquisador lembra que já há casos alarmantes como, por exemplo, na região do alto Juruá, e alerta as autoridades para que se preparem para enfrentar esta cheia na região de Manaus e no entorno, dando suporte aos moradores nas zonas urbanas críticas e aos ribeirinhos, que já devem começar a programar suas atividades econômicas com a colheita das roças e a retirada do gado para áreas de terra firme ou em cima de marombas.

“Com relação à extração de madeira, esta será favorável porque terá fácil acesso às florestas alagáveis. Mesmo àqueles que estão em topografia mais altas, a cheia facilitará este tipo de atividade econômica, mas para outras atividades (agropecuária e agricultura), a cheia poderá trazer grandes impactos”, diz Schongart.

Fonte: D24 AM