Ambientalistas e moradores vão replantar mata ciliar destruída por universidade, no domingo (19)

A partir das 8h da manhã do próximo domingo (19), moradores do Conjunto dos Jornalistas e ambientalistas irão plantar mudas de árvores em área de APP, no Conjunto dos Jornalistas, com o objetivo de enriquecer com espécies nativas a beira do igarapé do local. Os voluntários vão atuar em um trecho do igarapé de apenas 15 metros, que pertence a uma Área de Preservação Permanente (APP), nas margens do igarapé, mas que não está incluído na propriedade privada em questão. A SEMMAS embargou o local já devastado. Para quem tem curiosidade, será fácil observar de perto o que foi derrubado e tirar as próprias conclusões sobre o tamanho do impacto ambiental.

Em levantamento de fauna, feito pelos biólogos na área afetada pelo desmatamento irregular, foram observados mais de 50 espécies animais vivendo naquele pequeno trecho, como répteis, mamíferos e aves, sem contar insetos polinizadores e outros invertebrados. Entre essas espécies está um bando de Sauins de Coleira, macaquinho símbolo de Manaus e que está criticamente em perigo de extinção. O Sauim é endêmico de Manaus e nas cidades do entorno. “O que nos chamou a atenção foi um bando composto por 11 capivaras que sobrevive naquele segmento de mata ciliar e circula pelos conjuntos usando o igarapé, apesar da poluição. Se tivermos sorte, podemos avistar jacarés nas margens”, completa a bióloga Erika Schloemp, uma das organizadoras do movimento de recuperação do igarapé e que se uniu aos moradores que denunciaram o crime ambiental.

Os próprios moradores do Conjunto dos Jornalistas confirmam a importância da pequena floresta para o bem-estar e manutenção temperatura agradável dos blocos de apartamentos. “A mata garante conforto térmico, protegendo os apartamentos do intenso calor, além de gerar uma proximidade com a natureza. As espécies de árvores nativas sustentam uma grande variedade de animais, por isso é importante enriquecer a beirada da mata do igarapé. Já identificamos seringueiras, virolas, açaís, buritis e figueiras centenárias, no local afetado pelo desmatamento”, relatou Hamilton Leão, Presidente do Instituto Amazônico da Cidadania (IAC).

Em princípio, a equipe de voluntários pretendia limpar o canal e o local onde as árvores foram derrubadas, porque há entulho de todos os tipos na área, como colchões, televisores, descartáveis, móveis, etc. Mas a Secretaria Municipal de Limpeza (Semulsp) ainda não confirmou a cessão de contêiner para retirada do lixo.

Dessa maneira, os voluntários irão replantar tanto mudas de árvores frutíferas, específicas para a alimentação da vida animal, quanto espécies vegetais cuja característica seja de contenção das margens e proteção dos cursos d’água contra o assoreamento (erosão). Para atender essa programação, os voluntários estão solicitando que a população possa contribuir com mudas nativas como ingá, açaí e buriti, além de biribá, pupunha, taperebá, seringueira, goiabeira, camu-camu.

Para quem quiser participar como voluntário recomenda-se levar boca de lobo e pás, luvas, água e boné. Ir de calça e tênis é aconselhável.