Arquiteta e urbanista ressalta que revitalizações em Patrimônios Históricos e Culturais precisam de equipe técnica

Na última semana, durante as obras de revitalização da Praça 5 de Setembro, conhecida como Praça da Saudade, no Centro da capital. A escultura de Tenreiro Aranha que originalmente é feita de bronze, foi pintada irregularmente de dourado.

O assunto repercutiu entre especialistas de diversas áreas e a arquiteta e urbanista Melissa Toledo, enfatizou a necessidade de profissionais técnicos para qualquer intervenção em obras ou esculturas que fazem parte do Patrimônio Histórico e Cultural.

“É importante ressaltar que a obra não passou por nenhuma restauração e sim houve uma pintura. Pois para se restaurar uma obra de grande importância como essa, é necessário se cumprir etapas, como contexto histórico, iconografia, a busca da originalidade, a parte operacional e execução. Logo aparentemente nada disso foi feito”, afirmou a arquiteta.

Para se fazer uma restauração é preciso tirar as camadas não originais, buscar uma reintegração do material, uma consolidação e conservação do que seria o resquício do material original e a busca de uma pintura adequada. Já que o material contemporâneo, não tem a mesma composição do século XVIII.

Quando se faz um trabalho de cunho patrimonial e um trabalho em uma escala maior, sempre se faz necessário um resgate histórico e por isso um historiador sempre está presente.

“Além de todo contexto material que uma restauração precisa, é necessário saber a importância da historicidade, da originalidade, da composição tecnológica da época. Não é só a história, são outras informações de acervo e de cunho arquitetônico”, completou Melissa.

Para a arquiteta e urbanista, uma intervenção em qualquer obra, pode ser tanto positiva, quanto negativa, o caso da intervenção feita em Tenreiro Aranha trouxe repercussão totalmente negativa, pois não se viu profissionais técnicos envolvidos.

Um profissional responsável técnico pode ser um arquiteto e urbanista, um artista plástico ou até um engenheiro civil, desde que todos sejam especializados em patrimônio e restauro. Mesmo um profissional que não tenha essa especialização, ele pode acompanhar e fazer o projeto, mas é preciso de um restaurador em conjunto com a equipe.

Quando se fala em curso e especializações é necessário entender toda sua complexidade e diversas categorias em restauro e materiais, é muito delicado e amplo.

“Todo patrimônio precisa ser conservado. É uma obra que conta a nossa história, é um bem que é intangível e imaterial que materializamos na escrita”, finaliza Melissa.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que o restauro do monumento não teve autorização do órgão e que gostaria de consolidar uma parceria junto à prefeitura, para que qualquer futura intervenção seja feita uma análise técnica que não impacte o patrimônio cultural na sua qualidade de memória e identidade cultural da cidade.