O mundo subterrâneo tocou o sino da quarentena, aquela medida que somente toca quando bate o desespero na rainha.
Vez por outra ela troca de estratégia para ganhar sua tão sonhada estrelinha premiada, mas cada vez se afasta mais desse delírio, digo, sonho encantado. Uma vez, contratou o melhor Arganaz do reino só para ele fazer adivinhas. Ele cobrou caixas imensas de moedas de ouro, prometeu tantas estrelinhas que se fossemos contar, suas promessas secariam o céu… E nada.
Depois que percebeu ter sido ludibriada pelo Arganaz, contratou bonecos de gente para fantoches de recados, mas eles não distribuíram os bilhetes prometidos, pois apenas queriam as caixas de moedas. Quando as recebiam, eles desapareciam misteriosamente. Depois ela contratou os corvos, as lebres, as raposas e… NADA! E eis que a gaveta de estratégias abriu mais uma vez. Decidida a provar que está “de mal com a maldade”, deixou o reino em quarentena, pois todos sabem que tocaram os sinos do DESESPERO. Nessa hora, quem tem juízo fecha suas portas e janelas e deixa apenas uma fresta para observar as inquietudes da megera.
Até Alice se pegou a olhar por cima do ombro da rainha com curiosidade. “Que relógio estranho!” notou ela. “Diz o dia do mês, mas não diz as horas e nem o ano”. Ela respondeu: o ano e as horas serão sempre os mesmos, passam os dias e nada muda no reino, porque eu prefiro assim.
Agora está explicado. Por isso as estratégias dão errado. Tudo é sempre uma grande farsa. Que tal, Alice?