Caso de zika aponta possibilidade de transmissão por beijo ou sexo oral

Pesquisadores levantaram a hipótese de que o vírus da zika seja transmitido por beijo ou por sexo oral, como foi publicado pelo “The New England Journal of Medicine” nesta quinta-feira (2). Um caso de transmissão na França possivelmente por fluídos ou sêmen – não há confirmação de como o vírus foi passado – foi relatado no artigo.

Uma jovem de 24 anos de idade, que vive em Paris, apresentou os sintomas do vírus. Ela não havia recebido transfusão de sangue ou viajado para qualquer região onde há epidemia da zika. Ela disse, no entanto, que teve sete relações sexuais com um homem de 46 anos. O caso envolveu penetração, sem ejaculação e uso de preservativo, e sexo oral com ejaculação.

O homem também apresentou os sintomas do vírus da zika. Ele estava no Rio de Janeiro e chegou à Paris no dia 10 de fevereiro deste ano. Ele e a jovem se encontraram entre os dias 11 e 20 do mesmo mês. Logo depois que o caso terminou, no dia 20, a jovem adoeceu. Três dias após o início dos sintomas, em 23 de fevereiro, foram feitos exames de urina e saliva. Ambos deram positivo para a zika. Já um exame coletado na vagina deu negativo, em 1º de março.

Os exames de urina e sêmen realizados com o homem deram positivo, mas as amostras de sangue e saliva deram negativas. Os dados suportam a hipótese de transmissão sexual – oral ou por penetração – do vírus da zika. De acordo com a publicação, não é possível descartar a possibilidade de que o vetor tenha sido o sêmen, tampouco os fluídos como secreções pré-ejaculação ou saliva trocada por beijo.

Outro estudo publicado na revista científica “Emerging Infectious Diseases” em maio de 2011 relata o caso de um cientista americano que, ao voltar do Senegal para os EUA em 2008, quando o país africano era acometido por surto do zika vírus, desenvolveu os sintomas da infecção já em casa, no estado do Colorado. O fato de sua mulher, que não saíra dos EUA, também ter sido infectada pelo zika foi interpretado pelos pesquisadores como um indício de uma possível transmissão sexual, pelo sêmen, do vírus.

Em 27 de fevereiro deste ano, a França anunciou outra suspeita de transmissão sexual. Uma moradora de Paris disse ter se relacionado com um parceiro que passou pelo Brasil. O caso foi confirmado pela ministra da Saúde, Marisol Touraine. O vírus da zika já foi detectado em 60 países, sendo que 46 deles tiveram registro após 2015 e, os outros 14, entre 2007 e 2014. Casos de infecção foram confirmados em 10 países que não possuem o mosquito Aedes Aegypt, transmissor do vírus. O balanço é feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS).