O governador eleito do Amazonas, Amazonino Mendes (PDT), afirmou, em discurso no comitê de campanha, logo após a confirmação do resultado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que vai trabalhar para ajudar os desempregados do estado.
“A nossa eleição tem muito a ver com os pais desempregados, com todos os 300 mil amazonenses que perderam o emprego. A minha luta será primordialmente, dia e noite, a busca pela reintegração do emprego dessas pessoas. Tenho certeza absoluta de que a maioria dos votos nulos e brancos veio dessas pessoas.
Amazonino Mendes foi eleito nesse domingo (27), em segundo turno. Ele obteve 59,21% dos votos contra 40,79% do adversário, Eduardo Braga (PMDB). Amazonino agradeceu aos eleitores que o elegeram governador pela quarta vez e informou que vai se reunir nesta segunda-feira (28), em Brasília, com o presidente Michel Temer. Ele ressaltou que um dos seus primeiros atos será criar uma comissão de transição de governo.
“Eu vou nomear uma comissão para fazer um levantamento de dados e informações para que a gente possa iniciar o trabalho já com uma base, algum conhecimento para governar”, disse Mendes.
A taxa de abstenção no segundo turno ficou em 25,82%, ou seja, quase 604 mil eleitores deixaram de votar. O resultado é superior ao registrado no primeiro turno, quando mais de meio milhão de pessoas não compareceram às urnas. Os votos brancos correspondem a 4,06% e os nulos, a 19,73%. Cerca de 2,3 milhões de cidadãos amazonenses estavam aptos a votar nessa eleição.
O TRE informou que o governador eleito será diplomado no dia 2 de outubro.
Perfil
Amazonino Mendes nasceu no Amazonas, tem 77 anos, é formado em direito e é viúvo. Entre 1970 e 1980 trabalhou no Departamento de Estradas de Rodagem do estado. Em 1983 foi eleito prefeito de Manaus. Também esteve à frente da capital de 1993 a 1994 e de 2009 a 2012. Já foi três vezes governador do Amazonas: de 1987 a 1990, entre 1995 e 1998 e de 1999 a 2002. Em 2004 tentou voltar à prefeitura de Manaus, mas foi derrotado por Serafim Correa. Em 2006, perdeu a eleição a governador para Eduardo Braga. Amazonino foi ainda senador entre 1991 e em 1992. Ele tem como vice o deputado estadual Bosco Saraiva, do PSDB.
Segurança
Os órgãos de segurança do Amazonas e as Forças Armadas ressaltaram, em balanço feito após o encerramento da votação, que a eleição no estado ocorreu com tranquilidade e dentro do esperado. Todas as autoridades destacaram o trabalho conjunto como o fator responsável pelo êxito na realização do pleito.
Segundo a Polícia Federal, que tem a atribuição de Polícia Judiciária Eleitoral, 14 notícias-crime estão sendo apuradas e formalizadas. Apesar disso, não houve prisão em flagrante e nenhum termo circunstancial. Entre as ocorrências registradas pela Polícia Civil estão uma briga entre eleitores de coligações adversárias em Itacoatiara; em Novo Aripuanã, uma suspeita de boca de urna e de transporte de eleitores que levou à detenção de um ex-prefeito; em Itapiranga e em Maraã, houve dois registros de embriaguez e desobediência à Lei Seca. A Marinha informou que um homem foi detido após fazer disparos com arma de fogo contra uma embarcação que levava militares, no município de Maués. Não foi verificada relação do episódio com o processo eleitoral.
Das 6.680 urnas eletrônicas disponiblizadas em todo o estado, 26 precisaram ser substituídas sem prejuízos para o pleito.
“Nós bloqueamos qualquer tentativa de burlar o pleito. O pleno do TRE foi muito eficiente e rápido. Nós coibimos a propaganda irregular. Conseguimos evoluir em termos de eleição no Amazonas. Eu penso que essa eleição servirá de modelo para futuras eleições no estado, com toda essa superação e dificuldade que tivemos para realizar um pleito em cerca de três meses”, avaliou o presidente do tribunal, desembargador Yêdo Simões.
A eleição no Amazonas foi determinada em maio pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que cassou os mandatos do ex-governador José Melo (Pros) e do vice Henrique (Solidariedade) por compra de votos nas eleições de 2014. O presidente da Assembleia Legislativa do estado, David Almeida (PSD) assumiu o governo interinamente.
Guiné-Bissau
Uma comitiva da Guiné-Bissau acompanhou os preparativos da eleição no Amazonas desde o dia 13. Para Antonio Jau, da Comissão Nacional de Eleição do país africano, o Brasil é uma referência em termos de processo eleitoral e servirá de modelo para as eleições que serão realizadas em 2018. “É possível melhorar muito coisa em termos de segurança e credibilidade em nosso país. Nosso sistema é muito primitivo, manual. Há muita coisa a aprender, sobretudo no que tange à organização e ao planejamento logístico. Ao longo dos 15 dias que passamos aqui, aprendemos muita coisa. No ano que vem, vamos ter eleição em maio e vai ajudar muito. Vai mudar muita coisa significativamente no nosso processo”, afirmou Jau.