O procurador Regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais negociadores das delações premiadas e leniências da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou que as revelações de executivos e ex-executivos da Odebrecht vão provocar um “tsunami” na política brasileira.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o decano da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, disse ainda que as delações confirmarão que a corrupção, descoberta na Petrobras, existe em todos os níveis de governo, envolvendo partidos de esquerda e direita. “A corrupção está em todo sistema político brasileiro, seja partido A, partido B, seja partido C. Ela grassa em todos os governos”.
“É um grande caixa geral de favores que políticos fazem através do governo, e em troca recebem financiamento para si ou para seus partidos e campanhas. Funciona em todos os níveis, exatamente igual”, diz Santos Lima, que defende o fim do sigilo para a maior parte da delação da Odebrecht. “Isso vai ser revelado bem claramente quando os dados das colaborações e da leniência da Odebrecht forem divulgadas – e, um dia, serão.”
O procurador negou que a Lava Jato realize “prisões em excesso”, disse que grupos políticos deixaram de apoiar as investigações após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e que reformas nas regras penais do País – como as propostas no pacote das 10 Medidas contra a Corrupção – não podem existir sem uma reforma política.
“A classe política tem que perceber que a sobrevivência dela depende dela mudar seus próprios atos. Se o sistema mudar, aqueles que vierem a sobreviver ao tsunami de revelações, quem sabe encaminhe o Brasil para um País melhor”, afirmou Santos Lima.